Para a United Nations For a Free Tibet (UNFFT), uma organização de ativistas voluntários para a difusão internacional da causa tibetana, representada em mais de 40 países, a ONU não tem capacidade de defender os tibetanos, mas o Tibete não vai desistir da sua missão.
Esse, aliás, seria o grande erro da China: considerar que a causa tibetana está perdida, defende o porta-voz da UNFFT à Lusa.
Tsering Wangchuk arguemnta que a ONU vê-se limitada e não tem capacidade de defender os indefesos e a minoria “não representada” nesta organização mundial, porque a violência que se vive no Tibete é “patrocinada pelo Estado” da China, um dos membros fundadores da ONU e membro permanente do Conselho de Segurança.
“Desde que a China ocupou o Tibete em 1959, a ONU adotou três resoluções sobre o Tibete nos anos sessenta”, refere o porta-voz da UNFFT, lamentando que não tenha havido mais posições além de “algumas poucas declarações sobre os direitos humanos” por parte da Comissão da ONU para os Direitos Humanos.
A UNFFT foi constituída em 2011 como protesto contra a falta de ação por parte da Organização das Nações Unidas na questão do Tibete, que quer ser um território independente na China e que hoje celebra 60 anos da rebelião contra a administração chinesa.
Questionado pela Lusa, o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, não fez nenhum comentário acerca da questão do Tibete.
“Tudo o que posso dizer é que nós envolvemos todos os países, incluindo a China, nas suas obrigações de direitos humanos internacionais”, disse, relativamente à questão se a ONU se sente pressionada para assumir uma posição sobre o Tibete.
“A capacidade da ONU de proteger os não representados é restringida pelo facto de que muita da violência que enfrentamos hoje é patrocinada pelo Estado” chinês, critica a organização de ativistas voluntários.
“Milhares de tibetanos foram mortos, desaparecidos e torturados até à morte na prisão” depois de protestos de dimensão nacional contra a presença da polícia governamental chinesa no Tibete em 1987, 1989 e 2008, segundo Tsering Wangchuk.
Desde 2009, “mais de 150 tibetanos, novos, velhos, homens, mulheres, mães, pais, monges e freiras autoimolaram-se como um último ato de rebeldia contra o regime totalmente autoritário da China”, denuncia o porta-voz da UNFFT.
No entanto, para esta organização, “o compromisso e resiliência dos tibetanos para uma resolução pacífica está mais forte do que nunca”, um compromisso de paz ainda fomentado pelo “ciclo de violência” a que se assiste em todo o mundo.
Tsering Wangchuk adverte que um dos maiores erros que a China pode fazer é “considerar que a relação entre o povo tibetano e o Dalai Lama é a de um simples líder e dos seus seguidores” e que “a luta tibetana se vai perder depois da sua morte”.
“Sua Santidade o Dalai Lama é uma emanação da vontade e esperança do povo tibetano”, aponta a UNFFT.
O atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, conhecido por todos os tibetanos como “Sua Santidade”, cumpre também este domingo 60 anos de exílio, em que continuou a dedicação para a preservação da cultura e dos valores, diz Tsering Wangchuk.
A organização UNFFT declara que a prioridade da sua missão é a juventude, a educação e a formação para a liderança em primeiro lugar, tal como “Sua Santidade o Dalai Lama”.
A organização UNFFT assume também como uma das suas principais missões educar o público internacional para a causa tibetana e conseguir apoios para a continuação de uma luta pacífica, dando também apoios financeiros para a educação de crianças.
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