Gritando palavras de ordem como “os CTT são do povo” e “encerrar é um roubo”, elementos do Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) distribuíram panfletos e empunharam cartazes.
À ação juntaram-se os vereadores na Câmara de Lisboa do PCP João Ferreira e do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, assim como as deputadas do BE Mariana Mortágua e Isabel Pires.
“Deparámos que vão encerrar 22 estações no país, três em Lisboa, e esta mesmo no centro da cidade, numa zona histórica, junto ao Martim Moniz, onde a população sénior depende muito destes serviços para receber a pensão e fazer pagamentos. A população vai ter de se deslocar para outros locais da cidade com prejuízo da sua qualidade de vida”, criticou Ricardo Robles.
O vereador bloquista lembrou ainda que houve uma “lógica de saque predadora” do PSD/CDS-PP “sobre este serviço público dos CTT”, empresa muito antiga do país, com uma “lógica de desmantelamento do serviço público”.
Apesar de o município não ter responsabilidade na matéria, mas na defesa dos lisboetas, Ricardo Robles diz que a autarquia “se vai bater junto do Governo para garantir que estes serviços públicos de proximidade se mantenham para haver o benefício da população”.
Em relação às exigências da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que na quinta-feira divulgou 24 novos indicadores de serviço dos CTT até 2020 para garantir um “maior nível de qualidade do serviço postal universal”, Ricardo Robles avançou que, se pudessem “forçar ou garantir que a maioria dos balcões se manteria, já teriam um efeito positivo”.
Também o vereador do PCP João Ferreira sublinhou estar solidário “com a luta justa e necessária das populações para o país”, acrescentando que o partido tem uma posição de “exigência ao Governo que trave, no imediato, aquele que é um processo de destruição de uma empresa estratégica para o país, com cinco séculos de história”.
“Não há situações irreversíveis”, disse o vereador João Ferreira, apelando ao Governo que impeça o encerramento das estações e alertando para o facto de se estar a assistir ao que já se passou com a privatização de outras empresas.
Cecília Sales, pelo Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), avançou ter convocado a concentração para protestar contra o encerramento das três estações dos CTT em Lisboa: Socorro, Junqueira e Olaias.
“A degradação do serviço era notada desde a privatização em 2012. As coisas têm vindo a degradar-se: a distribuição do correio diminuiu, só uma vez ou duas por semana é distribuída a correspondência, as taxas também aumentaram, bem como a degradação das estações”, disse a responsável.
Cecília Sales alertou ainda que o principal objetivo do serviço, “que era um serviço público de proximidade das pessoas, que serve as pessoas”, deixou de o ser, alegando que se transformou “numa coisa altamente estranha” com os correios “a servirem para tudo menos para aquilo que eram destinados”.
O MUSP agendou hoje uma outra ação junto à estação dos CTT da Junqueira, em Lisboa, para defender a manutenção desta estação dos correios, no dia em que são ouvidos no parlamento o regulador, sindicatos, trabalhadores e os utentes na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
Em dezembro passado, os CTT divulgaram um Plano de Transformação Operacional, que prevê a redução de cerca de 800 trabalhadores na área das operações em três anos, um corte de 25% na remuneração fixa do presidente do Conselho de Administração e do presidente executivo, além da otimização da implantação de rede de lojas, através da conversão de lojas em postos de correio ou do fecho de lojas com pouca procura.
Já este ano, confirmaram o fecho de 22 lojas no âmbito deste plano de reestruturação, situação que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.
A privatização dos CTT, que rendeu aos cofres do Estado mais de 900 milhões de euros, foi feita a dois tempos – em 2013 e em 2014 – em operações que renderam, respetivamente, 579 milhões de euros (70% do capital social da empresa a 5,52 euros por ação) e 343 milhões de euros (30% do capital social detido pela Parpública ao preço de 7,25 euros por ação).
(Notícia atualizada às 13h42)
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