"Estou a renunciar ao cargo de CEO da Web Summit com efeito imediato", refere Paddy Cosgrave. "Infelizmente, os meus comentários pessoais tornaram-se numa distração do evento, da nossa equipa, dos nossos patrocinadores, das nossas startups e das pessoas que compareceram".

"Peço sinceras desculpas novamente por qualquer dano que causei", remata.

A Web Summit vai nomear um novo CEO o mais rapidamente possível e o evento, que terá início no dia 13 de novembro em Lisboa, decorrerá conforme planeado, afirmaram os organizadores num comunicado enviado por e-mail este sábado, citado pela Bloomberg.

Este sábado foi anunciado que a Amazon se juntou à lista de empresas que cancelou a sua participação na Web Summit, tal como a Meta, a Google, a Siemens e a Intel, depois dos comentários de Paddy Cosgrave sobre o conflito entre Israel e o Hamas.

Recorde-se que depois de ter rebentado o conflito na Faixa de Gaza, o fundador do evento, Paddy Cosgrave, fez um post, entretanto apagado, na rede social X (antigo Twitter), onde partilhou um gráfico que comparava o número de mortes de palestinianos e israelitas de 2008 a 2023, afirmando estar “chocado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com exceção em particular do governo da Irlanda”, país de onde é natural.

“Os crimes de guerra são crimes de guerra, mesmo quando são cometidos por aliados e devem ser denunciados pelo que são”, escreveu Cosgrave.

Após estes comentários, o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, anunciou o boicote à conferência. Depois, no site da Web Summit, Cosgrave pediu desculpas, explicando que condena "sem reservas o maléfico, repugnante e monstruoso ataque de 7 de outubro do Hamas. Apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, estou profundamente solidário com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras".

"Apoio inequivocamente o direito de Israel a existir e a defender-se. Apoio inequivocamente a solução de dois Estados. Compreendo que o que disse, o momento em que o disse e a forma como foi apresentado tenha causado profunda mágoa a muitas pessoas. A todos os que ficaram magoados com as minhas palavras, peço as minhas mais sinceras desculpas. O que é necessário nesta altura é compaixão, e eu não a transmiti. O meu objetivo é e sempre foi o de lutar pela paz. Em última análise, espero do fundo do coração que ela possa ser alcançada", explicou Cosgrave.