“Nós achamos que é uma irresponsabilidade por parte do Chega estar aqui a trazer mecanismos eleitorais ou estratégias eleitorais como as que vimos nos Estados Unidos para pôr em causa o ato eleitoral”, afirmou aos jornalistas Inês Sousa Real.

Falando à margem de uma visita à associação Onde Há Gato Não Há Rato, em Almada, a cabeça de lista do PAN por Lisboa lembrou o “afastamento das urnas” na repetição das eleições legislativas no círculo eleitoral da Europa em 2022.

Nesse ano, os eleitores participaram de novo no ato eleitoral para eleger dois deputados, na sequência da anulação de 80% de votos em assembleias do círculo da Europa, na sequência da mistura de votos válidos com votos inválidos, não acompanhados de cópia do documento de identificação.

“Quando se teve de repetir o ato eleitoral (…) houve mais abstenção do que a que tínhamos tido. Temos de ter aqui a responsabilidade de permitir que o ato [eleitoral] decorra tranquilamente. (…) E confiar naquilo que tem sido o papel dos escrutinadores – das pessoas – que voluntariamente vão para as mesas de voto e que têm feito o seu trabalho em prol da democracia, ao invés de estarmos a lançar suspeições”, salientou Inês Sousa Real.

“Estar a criar ruído durante a campanha não passa mais do que uma estratégia eleitoral como já vimos pela mão de [Donald] Trump nos Estados Unidos e que claramente não corresponde àquilo que tem sido o sentido de responsabilidade dos portugueses que fazem parte das mesas de voto e à qual só podemos agradecer pelo serviço que à democracia”, acrescentou.

No domingo, o presidente do Chega reiterou as suspeitas sobre a possibilidade de anulação propositada de votos no partido nas legislativas e defendeu que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) deve investigar.

“Eu espero que hoje à noite a CNE, em vez de andar a dizer que não recebe nada, que não viu nada, que não sabe de nada, olhe para isto e diga que tem de abrir um procedimento sobre a viabilidade das pessoas que estão nas mesas e sobre o processo eleitoral nas comunidades emigrantes”, afirmou André Ventura à chegada a um jantar/comício em Leiria, no âmbito da campanha para as eleições legislativas de 10 de março.

Na ação de campanha de hoje, Inês Sousa Real também desdramatizou que antiga deputada do partido eleita por Setúbal, Cristina Rodrigues, tenha saído para o Chega, lamentando, todavia, que valores como a igualdade género tenham sido renunciados.

“Lamentamos para essas pessoas que os valores tinham sido renunciados, quer em matéria de proteção animal, quer em matéria dos direitos, igualdade género, entre outras”, afirmou.

“As pessoas devem estar no coletivo onde se identificam. Para o PAN é aquilo que é a nossa candidatura. E temos aqui como cabeça de lista por Setúbal, Alexandra Reis Moreira, que é uma pessoa que vem da causa animal, que é advogada, que é também alguém que tem dado do seu tempo e do seu voluntariado para a sociedade e, portanto, sabemos que há valores que são irrenunciáveis”, realçou.

A ex-deputada do PAN Cristina Rodrigues é número três do Chega no Porto.

Cristina Rodrigues foi eleita deputada pelo PAN em 2019 pelo círculo de Setúbal, tendo passado a deputada independente ainda nessa legislatura e na atual legislatura foi assessora do Chega.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.