“Como já referimos, nós estaremos disponíveis, à partida, para aprofundar aquilo que é uma relação entre o Partido Socialista em apoios pontuais, quer em processo legislativo ordinário, quer ao nível do Orçamento de Estado, no entanto ficou estabelecido que esta foi uma primeira reunião”, disse André Silva, que falava aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, no final da reunião entre o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e o Partido Socialista (PS).
Esta foi o segunda de uma série de encontros que o PS marcou para hoje com os partidos à sua esquerda e o PAN, depois de o secretário-geral, António Costa – que encabeça a delegação -, ter sido indigitado como primeiro-ministro pelo Presidente da República na terça-feira à noite.
Notando que esta “foi uma reunião exploratória naquilo que podem ser os relacionamentos entre o PAN e o Partido Socialista ao longo desta legislatura”, André Silva anunciou que haverá nova reunião “para a próxima semana”.
“O que ficou em cima da mesa foi continuarmos a falar e a debater no sentido de percebermos de que forma é que podemos estabelecer mais convergências entre dois partidos”, assinalou o dirigente, sublinhando que “não ficou nada fechado, não ficou nada definido, continua tudo em aberto”.
Segundo o porta-voz, o PAN defende “que deve aprofundar o relacionamento que tem com o Partido Socialista à semelhança e nos moldes que foi a legislatura anterior, com apoios pontuais”.
Pelo PS, estiveram presentes, além do secretário-geral e primeiro-ministro indigitado, António Costa, a secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, o presidente do partido, Carlos César e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.
Com André Silva, até agora deputado único, estiveram também na reunião a deputada eleita Inês Sousa Real, o eurodeputado Francisco Guerreiro e o membro da Comissão Política Nacional Artur Alfama.
Nas eleições legislativas de domingo, o PAN aumentou a sua representação na Assembleia da República de um para quatro deputados.
Costa confiante na hipótese de aprofundar entendimentos com o PAN
O secretário-geral do PS manifestou-se hoje confiante na hipótese de aprofundar convergências com o PAN nos próximos quatro anos, apontando que na legislatura que agora termina esta força política nunca votou contra propostas de Orçamento do Estado.
António Costa fez esta apreciação no final de uma reunião de uma hora com o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), ocasião em que adiantou que haverá novo encontro entre as duas forças políticas na próxima semana.
O líder socialista destacou sobretudo as convergências com o PAN, embora também tenha assumido que há divergências de fundo face ao PS, designadamente no que respeita ao projeto do novo aeroporto do Montijo.
"No passado, já conseguimos que houvesse convergência. No primeiro Orçamento da legislatura (2016), o PAN absteve-se, e votou a favor nos três seguintes (2017, 2018, e 2019). Não saí desta reunião com a convicção de que nesta legislatura vai ser impossível o que foi possível na anterior", declarou o secretário-geral do PS.
António Costa frisou mesmo que saiu da reunião com o PAN "com a convicção de que na próxima legislatura vai ser possível fazer mais do que foi feito em conjunto na legislatura anterior".
Já quando foi confrontado pelos jornalistas sobre o aeroporto do Montijo, projeto contestado pelo PAN, o líder socialista identificou nesse tema "um dos que há uma distância significativa", mas procurou desdramatizar essa divergência.
"Felizmente, vivemos numa democracia plural e não de partido único. Se os partidos existem na sua pluralidade, é porque têm pontos de vista diferentes", alegou.
O secretário-geral do PS defendeu então que a democracia "é por natureza o regime do compromisso e o essencial é cada um aproximar posições mesmo em matérias em que há divergências de fundo".
"No caso do aeroporto, há questões que são colocadas pelo PAN que podem e devem ser consideradas. Mesmo que venha a ser confirmada a avaliação de impacto ambiental para permitir avançar com a solução do Montijo, o PAN coloca questões como o horário do aeroporto da Portela ou medidas de mitigação de impactos que podem e devem ser consideradas", justificou.
Perante os jornalistas, António Costa começou por observar que o PS e o PAN foram as únicas duas forças políticas parlamentares que cresceram de forma "clara" nas eleições de domingo passado.
"Penso que há um conjunto de matérias em que podemos trabalhar para convergir, embora haja outras em que há posições bastante distintas. Nesse sentido, ficou acertado que haverá uma nova reunião na próxima semana, tendo em vista aprofundar os temas identificados como passíveis de trabalho conjunto. Vamos avaliar se isso se pode traduzir numa perspetiva de acordo de legislatura", disse.
Desta reunião, segundo o secretário-geral do PS, também "ficou claro que não haverá do PAN uma moção de rejeição" ao programa do Governo.
"Há uma vontade de que haja estabilidade política ao longo dos próximos quatro anos, o que, obviamente, não conduz a que o PAN renuncie ao exercício de qualquer direito parlamentar. Mas, podemos recordar, nas duas moções apresentadas [pelo CDS] contra o Governo, o PAN votou contra", acrescentou.
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