Em declarações aos jornalistas no parlamento, após uma reunião com o Governo sobre o plano de reestruturação da companhia aérea, a líder parlamentar indicou que "o PAN teve oportunidade de expressar algumas das suas preocupações relativamente ao momento extremamente difícil que a empresa atravessa, nomeadamente do ponto de vista social e laboral".

Na ótica do partido, "é fundamental que existam apoios e que esta reestruturação passe necessariamente por salvaguardar" medidas de "mitigação em relação à proteção laboral, como por exemplo as reformas antecipadas, a reconversão profissional, o ajustamento de horários, sem que os trabalhadores fiquem desprotegidos".

Apontando que "o Governo sinalizou que estes despedimentos poderão ir até aos dois mil profissionais", Inês Sousa Real identificou "abertura" do Governo "não só do ponto de visto do mútuo acordo, também as licenças sem vencimento e as reformas antecipadas".

"Mas aquilo que nos parece é que o Governo deve ir mais longe, e evidentemente que num contexto mais macro - porque são muitas as empresas no país que estão a ser afetadas por esta crise - mas tem que haver uma aposta na reconversão profissional para áreas que agora possam de alguma forma ser mais sustentáveis e que possam vir a ter um desenvolvimento económico mais premente do que uma área em que sabemos que tão depressa não vai haver uma procura como até aqui", defendeu a deputada, pedindo também uma aposta na "recuperação económica, a par da reestruturação da TAP".

O PAN defende igualmente um reajustamento "das remunerações do Conselho de Administração", para o "nível do patamar europeu", alegando têm "estado inflacionadas".

"Não faz sentido penalizar os trabalhadores e não haver o cuidado de não permitir que exista, por exemplo, a redistribuição de lucros, prémios laborais. Se existe um esforço que está a ser pedido, do ponto de vista coletivo, a todas e a todos, ele tem de passar também pelas opções da administração", atirou Inês Sousa Real.

O Pessoas-Animais-Natureza sublinhou ainda que, "evidentemente, esta reestruturação não pode ser feita sem contrapartidas ambientais".

"Este é um momento absolutamente de viragem para a TAP, em que há uma redução da frota mas também, sabendo que existe à mesma uma preocupação com aquilo que possam ser os combustíveis fósseis utilizados no setor da aviação, é fundamental que se garantam que as aeronaves que vão passar a operar que são aeronaves do ponto de vista ambiental mais eficientes", sustentou.

No final da reunião com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, e o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Hugo Mendes, a deputada indicou advogou ainda que, "naquilo que passe pelos apoios do Estado e a recuperação da empresa, é fundamental que a Assembleia possa participar neste debate".

O Governo está a discutir o plano de reestruturação da TAP com os partidos com assento parlamentar, em reuniões fechadas no parlamento distribuídas entre hoje e quinta-feira, depois de ter estado reunido na noite de terça-feira em conselho de ministros extraordinário.

O plano prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, divulgaram os sindicatos que os representam.