"Queridos irmãos e irmãs, queridas famílias, vocês vão receber jovens para a Jornada Mundial da Juventude. A vossa casa vai aumentar, ser maior. Vão ter hóspedes jovens junto com os vossos filhos, com os vossos parentes jovens, e vão tê-los todos em casa. Isso vai revolucionar tudo um pouco", começou por dizer o Papa.
"Se quisermos falar em termos burgueses, vai ser um incómodo. Mas vocês fazem isso com um coração grande, não apenas para servir, que já é uma grande coisa, mas também para se abrirem a outros jovens e a outras culturas, a um outro modo de ver a vida", acentuou.
Segundo o Papa Francisco, "estes jovens que vêm vão levantar problemas, incómodos e dar trabalho" em cada casa onde forem acolhidos," mas vão deixar sementes de outra cultura, vão deixar a semente de outro ponto de vista".
Por outro lado, "vão questionar" as pessoas que os acolhem "em tantas coisas que tomavam como certas e que agora veem que, noutro lado, podem ser feitas de outra maneira". "Vão universalizar-vos", resume.
Realçando que cada família geralmente acolhe poucos jovens — nesta JMJ o mínimo é de duas pessoas por famílias — e que isso "parece que é uma coisa pequenina", o Papa frisa que, mesmo assim, "de certeza" que "o universo cultural vai entrar" em cada casa.
"Os jovens estrangeiros dizem mesmo que a experiência mais rica que tiveram foi com a família que os recebeu. Para eles é isso, mas para vocês é uma prova de que se pode ser cristão de outra maneira, com outra cultura, com outro modo de ver as coisas. A isto se chama universalizar, abrir horizontes", disse o Papa.
O pontífice aproveitou ainda para agradecer às famílias de acolhimento "pelo que fazem". "Vai dar trabalho, mas vai ser uma semente do universo, de olhar para o horizonte mais além dos nossos pequenos limites, das nossas pequenas fronteiras, seja geográfica, cultural ou espiritual".
"Obrigado por esta generosidade de receber jovens. Que Deus vos abençoe, que a Virgem cuide de vós, e peço-vos que rezem por mim. Obrigado", concluiu o Papa.
Segundo a organização da JMJ, "as paróquias convidadas para receber jovens durante a semana da Jornada pertencem às Dioceses de Lisboa, Santarém e Setúbal".
"O Comité Organizador Local irá alocar os grupos de peregrinos às paróquias destas Dioceses que se inscreveram para receber peregrinos e, posteriormente, cada paróquia fará a distribuição dos peregrinos pelas famílias, considerando a proximidade que têm com a comunidade em que se inserem", é explicado no site. As inscrições estão abertas.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 1 e 6 de agosto de 2023, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures. A iniciativa, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia.
A JMJ foi instituída por João Paulo II, em 1985, e desde então tem-se evidenciado como um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas por todo o mundo.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou por Buenos Aires (Argentina, 1987), Santiago de Compostela (Espanha, 1989), Czestochowa (Polónia, 1991), Denver (Estados Unidos, 1993), Manila (Filipinas, 1995), Paris (França, 1997), Roma (Itália, 2000), Toronto (Canadá, 2002), Colónia (Alemanha, 2005), Sidney (Austrália, 2008), Madrid (Espanha, 2011), Rio de Janeiro (Brasil, 2013), Cracóvia (Polónia, 2016) e Cidade do Panamá (Panamá2019).
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