O chefe da Igreja Católica manifestou a sua preocupação durante uma conversa telefónica com o bispo de Pemba, Luiz Fernando Lisboa, segundo informação avançada pela diocese da capital provincial de Cabo Delgado em conferência de imprensa.
“Ele disse que está bem próximo do bispo de Pemba e de todo povo de Cabo Delgado. E que acompanha a situação vivida na nossa província com muita preocupação e que tem rezado por nós”, disse Luiz Fernando Lisboa, acrescentando que o Papa manifestou-se aberto a apoiar a província no que for necessário.
Segundo Luiz Fernando Lisboa, Francisco foi informado sobre a situação de Mocímboa da Praia, onde os grupos armados protagonizaram vários ataques na última semana e tomaram o porto local.
“Falei para o Santo Padre sobre a difícil situação de Mocímboa da Praia, que neste momento está tomada pelos insurgentes e que duas religiosas da congregação que lá trabalham estão sem contacto com a diocese há uma semana. Elas estão com muitas pessoas nas suas casas, idosas, doentes e mães”, declarou Luiz Fernando Lisboa.
Na última semana, os insurgentes realizaram ataques sequenciados às aldeias de Anga, Buji, Ausse e à vila sede de Mocímboa da Praia (norte de Moçambique), e, segundo dados do Ministério da Defesa, pelo menos 59 “terroristas” morreram em operações de resposta das forças governamentais.
Na quarta-feira, os grupos armados invadiram o porto de Mocímboa da Praia e os confrontos deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos das forças governamentais, segundo informações avançadas à Lusa por uma fonte do Exército.
Várias infraestruturas foram vandalizadas e, neste momento, as linhas de comunicação também estão interrompidas em Mocímboa da Praia.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse que os grupos armados estão infiltrados nas comunidades e a comandar ataques contra a vila a partir das instalações portuárias.
Mocímboa da Praia é uma das principais vilas da província, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
A vila tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março, numa ação depois reivindicada pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de junho, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes.
A violência armada já causou a morte de, pelo menos, 1.059 pessoas em quase três anos, além da destruição de várias infraestruturas.
De acordo com as Nações Unidas, a violência armada levou à fuga de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.
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