O chefe da Igreja Católica respondeu assim a uma pergunta sobre a questão migratória no Mediterrâneo e na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, feita pelos jornalistas a bordo do seu avião, na conferência de imprensa final, no regresso da sua viagem a Chipre e à Grécia.
“Sobre as pessoas que impedem as migrações ou fecham as fronteiras, ou constroem muros, instalam arames ou espirais de arame farpado para impedir o acesso, o que lhes diria primeiro é: ‘Pensa se fosses imigrante e não te deixassem entrar'”, declarou.
Depois de, nesta viagem, ter visitado o campo de refugiados de Lesbos e ter feito duras críticas à indiferença de alguns países europeus perante a tragédia que os migrantes estão a viver, o papa considerou que quem constrói muros “perde o sentido da História”, pois no passado também na Europa houve migrantes.
Observou também que embora seja “um direito” dos Governos dizer que não têm capacidade de receber tantos migrantes, porque estes precisam de ser “acolhidos, acompanhados, ajudados e integrados”, se “um Governo não pode encarregar-se disso, tem que dialogar com o resto dos países, para que cada um faça a sua parte”, referindo-se à necessidade de uma política de quotas dentro da União Europeia (UE).
A importância da “integração dos migrantes” para que não se transformem em “cidadãos de gueto” foi também sublinhada pelo papa, que deu o exemplo do atentado na Bélgica, em que os terroristas eram nascidos no país, mas filhos de “imigrantes marginalizados num gueto”.
Francisco repetiu igualmente a advertência feita no campo de Lesbos, ao afirmar: “Se não resolvermos o problema da migração, corremos o risco de fazer naufragar a civilização. Não só a do Mediterrâneo, mas toda a nossa civilização”.
Salientou ainda que, além do drama dos naufrágios, existe também o drama do retorno dos migrantes à Líbia”.
“Quando são devolvidos, voltam a cair nas mãos dos traficantes. Quando os devolvemos, temos que os ajudar também a integrar-se nos seus países, e não deixá-los na costa líbia. Isso é uma crueldade”, acrescentou.
O papa declarou-se hoje disposto a deslocar-se a Moscovo para se encontrar com o patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, num cenário de aproximação entre os responsáveis das duas Igrejas.
Uma visita de Francisco a Moscovo seria histórica, nenhum papa lá se deslocou, até agora.
“O meu encontro com o patriarca Kirill está num horizonte próximo (…) O metropolita Hilarion virá ver-me para marcar um eventual encontro”, precisou.
A informação foi confirmada pelo próprio metropolita Hilarion, o equivalente ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Igreja Ortodoxo Russa, num comunicado do departamento das Relações Externas do patriarcado de Moscovo.
Em fevereiro de 2016, houve uma reunião histórica em Cuba entre o papa e o patriarca Kirill, um passo importante na aproximação entre o Vaticano e os ortodoxos russos, que representam a maioria da população do país.
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