A nomeação de Monsenhor John Kennedy para chefe da seção de disciplina da Congregação para a Doutrina da Fé surge num momento em que aumentam as críticas sobre a demora na resolução dos casos.

Kennedy foi assessor do ex-chefe da comissão disciplinar, o reverendo Miguel Funes Díaz, um dos três funcionários da congregação que renunciaram recentemente.

Esta é a segunda nomeação num intervalo de dias relacionada com os casos de pedofilia.

No sábado, Francisco indicou o reverendo Hans Zollner, um dos principais especialistas da Igreja Católica em abuso e proteção das crianças, como assessor do escritório do Vaticano para o clero.

Este movimento acontece num momento em que o papa e o Vaticano se encontram sob fortes críticas em relação às políticas de combate à pedofilia na Igreja e de punição dos envolvidos.

A 01 de março, Marie Collins, uma das vítimas de abuso sexual cometido por sacerdotes, renunciou ao cargo que ocupava na Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores, criada em 2014 exatamente para investigar esses crimes.

Segundo Marie Collins, havia uma resistência “inaceitável” às propostas da comissão por alguns organismos da Santa Sé.

A congregação assumiu a responsabilidade de processar os casos de abuso sexual de crianças em 2001, depois do então cardeal Joseph Ratzinger, que se tornou o papa Bento XVI, determinar que as dioceses não estavam a penalizar os religiosos envolvidos como requeria as leis eclesiais.

O cardeal Sean O'Malley, que chefia a comissão consultiva, disse numa entrevista recente que a Congregação para a Doutrina da Fé precisava de mais recursos para lidar com o número de casos.