Na carta enviada aos bispos da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, por ocasião do retiro espiritual que realizam até 08 de janeiro, o papa reconhece que “a credibilidade da Igreja tem sido fortemente questionada e enfraquecida por esses pecados e crimes”, abusos de poder, mas sobretudo pela vontade de querer escondê-los.

Estava prevista a presença do papa no retiro, mas “por problemas logísticos” não pode comparecer.

“A atitude de ocultação, como sabemos, longe de ajudar a resolver conflitos, permitiu-lhes perpetuar-se e ferir mais profundamente o quadro de relações que hoje somos chamados a curar e a recompor”, escreve o papa na missiva.

Segundo Francisco, a luta contra a cultura do abuso, a perda de prestígio e a reparação da ferida da credibilidade exigem uma atitude renovada e determinada para resolver o conflito.

Esse trabalho, adianta, implica a construção de vínculos e espaços saudáveis e maduros que saibam respeitar a integridade e a intimidade de cada pessoa.

O pontífice adianta que é preciso “não apenas de uma nova organização, mas da conversão da mente, da maneira de orar, de administrar poder e dinheiro” assim como na forma como a igreja se relaciona com o mundo.

Na carta, o papa enfatiza que o problema da credibilidade “não é resolvido por decretos voluntaristas ou simplesmente pelo estabelecimento de novas comissões ou pelo aperfeiçoamento das organizações de trabalho”.

Francisco adverte que essa visão, embora em alguns casos seja necessária, é “insuficiente” e “acaba reduzindo a missão do pastor e da Igreja a uma mera tarefa administrativa / organizacional no ‘empreendimento de evangelização'”.

O pontífice argentino pede unidade nesta missão, assim como o “romper do círculo vicioso de reprovação, deslegitimação e descrédito” assim como que evitem “murmurar e difamar”.

A questão dos abusos sexuais por elementos do clero tem sido um dos temas fortes dos últimos meses, afetando a igreja católica em diversos países, tendo o papa decidido convocar os presidentes das Conferências Episcopais da Igreja Católica de todo o mundo para uma cimeira, a realizar entre 21 e 24 de fevereiro, sobre a “proteção de crianças” e a prevenção dos abusos.

Nos Estados Unidos esta questão levou já a que o papa Francisco tivesse aceitado a renúncia do bispo americano Michael J. Bransfield, que, no passado, foi acusado de abuso sexual de menores na diocese de Filadélfia, e a retirar do cargo o cardeal Theodore McCarrick, acusado de molestar sexualmente e assediar menores e adultos.

Em agosto, um relatório do grande júri do estado da Pensilvânia detalhou décadas de abuso e encobrimento em seis dioceses, alegando quem ais de mil crianças haviam sido abusadas ao longo dos anos por cerca de 300 padres.

Desde então, um promotor federal em Filadélfia começou a trabalhar no caso centrado na exploração infantil, e procuradores-gerais em vários outros Estados iniciaram investigações.

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