“Peço perdão a Deus” e “junto-me aos meus irmãos bispos canadianos para vos pedir desculpa a vós”, afirmou o Papa, numa audiência, no Vaticano, com representantes dos Métis, dos Inuit e das Primeiras Nações.
O Papa Bento XVI já tinha pedido desculpa pelo ocorrido nas residências escolares estabelecidas pelo Canadá no final do século XIX dedicadas à população indígena e que funcionaram até 1997.
No entanto, a descoberta, nos últimos meses, de centenas de sepulturas de crianças anónimas junto aos edifícios desses internatos geridos pelas igrejas Católica e Anglicana reavivou a tragédia dos povos originários do Canadá e o seu pedido de justiça.
Entre o final do século XIX e os anos 1980, cerca de 150.000 crianças indígenas foram levadas à força para mais de 130 internatos em todo o país, onde foram isoladas das respetivas famílias, da sua língua e da sua cultura.
Milhares delas nunca regressaram a casa — as autoridades estimam esse número entre 4.000 e 6.000. Em 2015, uma comissão de inquérito nacional classificou tal sistema como um “genocídio cultural”.
Na segunda-feira, o Papa Francisco ouviu o testemunho de duas delegações indígenas do Canadá, num encontro apresentado como “histórico”, para recordar o drama dos internatos geridos pela Igreja naquele país.
“O Papa escutou-nos. Ele ouviu três histórias das muitas que temos para contar” e “acenou com a cabeça enquanto os nossos sobreviventes contavam as suas histórias”, declarou à imprensa, na segunda-feira, Cassidy Caron, presidente do Conselho Nacional dos Métis, no final do encontro.
“Senti uma certa tristeza nas suas reações (…) As únicas palavras que proferiu em inglês foram: ‘verdade, justiça, reparação’. Encaro-as como um compromisso pessoal”, acrescentou a representante dos Métis.
“Esperamos que a resposta do Papa, na sexta-feira, na audiência geral, mostre que ele reconhece o que partilhámos hoje” e que “isso leve a um pedido de desculpas quando ele for ao Canadá”, sublinhou então.
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