São “duas jovens yazidi, absolutamente admiráveis, que sofreram horrores, raptadas e escravizadas pelos bandidos do chamado Estado Islâmico, que conseguiram escapar com grande sofrimento pessoal (…) e que não descansaram, apesar das terríveis feridas, visíveis e invisíveis, para chamar a atenção para as muitas mulheres e crianças que permaneciam capturadas e escravizadas pelo Estado Islâmico”, disse a eurodeputada, contactada telefonicamente pela Lusa.

“Tenho muita satisfação” e “penso que é um prémio muito bem atribuído”, acrescentou Ana Gomes, que em julho, no quadro dos esforços que tem desenvolvido para trazer para Portugal um grupo de refugiados yazidi, promoveu uma conferência de imprensa em Lisboa com uma das jovens, Lamia Haji Bashar, e com o médico também yazidi, Mirza Dinnay.

A eurodeputada socialista, que há meses defende a criação de um programa financiado pela União Europeia para “apoiar a recuperação psicológica e física” de pessoas como as jovens yazidi e para “ajudar a salvar as que lá estão”, espera ainda que a atribuição do Prémio Sakharov a Nadia e Lamia “facilite isso”.

A ideia, explicou, parte de um programa que o referido médico yazidi, um dirigente “absolutamente admirável” que, na Alemanha, onde reside, conseguiu o apoio financeiro do estado de Baden-Wurtenberg para um programa para resgatar mulheres yazidi das mãos dos ´jihadistas’ e apoiar a sua recuperação, física e psicológica.

O Parlamento Europeu atribuiu hoje o Prémio Sakharov 2016 de Liberdade de Expressão às ativistas yazidi do Iraque Nadia Murad Basee e Lamiya Ali Bashar, escravizadas sexualmente pelo grupo extremista Estado Islâmico durante meses.

A escolha foi anunciada hoje em conferência de presidentes da assembleia europeia, reunida em sessão plenária em Estrasburgo.

Nadia Murad Basee e Lamiya Aji Bashar, foram escolhidas pelos esforços na defesa da comunidade yazidi e das mulheres que sobrevivem à escravidão sexual às mãos dos 'jihadistas', tendo-se tornado porta-vozes da sua comunidade na denúncia dos crimes de guerra e genocídio perpetrados pelo Estado Islâmico.

O prémio deverá ser entregue a 14 de dezembro em Estrasburgo.