Em entrevista à rádio France Inter e quando questionado sobre se será necessário pôr fim às conversações, Castaner disse que “a negociação, de todas as formas, hoje não existe. Está suspensa”.
O responsável lamentou que no passado esse diálogo tenha sido utilizado entre a União Europeia e a Turquia para afirmar “posições políticas em França”.
Na entrevista, o porta-voz francês considerou ainda que essa utilização para questões de política interna francesa “um desperdício” porque a “Turquia faz parte da nossa história comum”.
Entretanto, a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu hoje à União Europeia que considere se “suspende ou encerra” as negociações sobre a adesão da Turquia na sequência da deterioração “preocupante” dos princípios democráticos naquele país.
O pedido foi feito por Merkel durante o discurso na última sessão do Bundestag (Câmara Baixa) e antes das eleições legislativas de 24 de setembro.
De acordo com Angela Merkel, o debate entre os 28 – que vai realizar-se na próxima cimeira de líderes da UE no outono – deve basear-se “numa reflexão profunda porque, a relação com a Turquia é estratégica e tem um grande significado”.
No entanto, a evolução do país com o presidente Recep Tayyip Erdogan é "mais do que preocupante" e muda "rapidamente", advertiu a chanceler, pedindo que o “debate seja interno e que os 28 não tornem suas diferenças públicas”.
A chefe do governo alemão reconheceu que o seu partido sempre foi "contra" ou "cético" sobre a possibilidade de a Turquia se juntar à UE, mas destacou que manteve as negociações abertas durante o governo de seu antecessor, o social-democrata Gerhard Schröder, para dar "continuidade".
“A detenção por "motivos políticos" de cidadãos alemães, dos quais 12 permanecem na prisão, deveriam fazer a Alemanha refletir sobre a necessidade de mudar a relação de Berlim com Ankara”, afirmou.
Merkel disse ainda que pediu à Estónia que durante a presidência rotativa deste semestre não se avance para a união aduaneira com a Turquia.
A chanceler recordou ainda que na Alemanha vivem três milhões de pessoas de origem turca que “são parte do país e que não devem prejudicadas neste confronto com Ancara”.
As relações entre a Turquia e a Alemanha agravaram-se desde o fracassado golpe de Estado de 15 de julho de 2016, imputado por Ancara ao predicador exilado Fethullah Gülen, que nega as acusações.
Desde há meses que Berlim denuncia as purgas desencadeadas pelo Estado turco na sequência do golpe falhado, e acusa Ancara de manter sob detenção 11 cidadãos alemães, alguns com dupla nacionalidade, por “motivos políticos”.
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