Pelo contrário, foi rejeitado um voto do PCP de “condenação da campanha de desestabilização e de ameaças contra a Venezuela e em defesa dos interesses da comunidade portuguesa”, com votos contra de PS, PSD e CDS-PP, abstenção do BE e os votos favoráveis das restantes bancadas.

O texto do PSD teve votos contra do PCP, abstenção de BE e Verdes, e os votos favoráveis das restantes bancadas, enquanto o texto do CDS-PP mereceu idêntica votação, à exceção da bancada do PEV, que neste caso votou contra.

Na discussão dos vários votos em plenário, o deputado do CDS-PP Telmo Correia salientou que o texto dos democratas-cristãos se centrou mais na detenção de 12 cidadãos nacionais e lusodescendentes, entretanto libertados, mas não deixou de condenar o regime de Nicolas Maduro, que classificou como “uma das ditaduras mais ferozes e sanguinárias”.

“Condenamos estas detenções e apoiamos todas as iniciativas que apoiem a comunidade portuguesa”, afirmou, salientando que os empresários portugueses e lusodescendentes que foram libertados continuam a não estar livres “nem do processo, nem da perseguição”.

Pelo PSD, a deputada e vice-presidente da bancada Rubina Berardo salientou que a política externa da Venezuela se torna “política interna” em Portugal, quando no país reside uma das maiores comunidades emigrantes.

A deputada madeirense saudou os “bons esforços diplomáticos” do Governo português que permitiram a libertação dos cidadãos nacionais, mas apelou a que o executivo aumente o apoio humanitário aos portugueses na Venezuela e concretize o apoio à região que mais emigrantes tem acolhido, precisamente a Região Autónoma da Madeira.

“A solidariedade com a nossa comunidade não deve ser determinada por qualquer internacionalismo ideológico”, apelou.

O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, acusou PSD e CDS-PP de “instrumentalizarem a comunidade portuguesa” para declararem o seu apoio às políticas dos Estados Unidos e do seu presidente Donald Trump, que disse praticar a “ingerência” naquele país.

“É uma opção que repudiamos, tomamos partido pela defesa do povo da Venezuela e da comunidade portuguesa contra as agressões externas de que são vítimas”, defendeu.

Pelo BE, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares pediu que se evitassem “visões enviesadas” de ambos os lados, que considerou terem “efeitos negativos” na comunidade lusa na Venezuela.

“Não há responsabilidades só de um lado”, alertou, apelando a que rapidamente “o Estado de direito funcione e a democracia volte a ser uma realidade na Venezuela”.

O deputado socialista Carlos Pereira apelou à união de todas as bancadas – que acabou por não se verificar na posterior votação – para assegurar “as melhores soluções para os mais de meio milhão de portugueses” que residem na Venezuela.

“Felicitamos o Governo português pela ação enérgica e determinada como interveio”, acrescentou.