“A nível da Europa, a política que tem sido aplicada não tem dado muito resultado com este pensamento de restrição, o de ‘vamos evitar que entrem’. Não é assim que funciona”, criticou a portuguesa que chefia desde 2015 a missão da OIM na capital marroquina, Rabat.
Pela sua posição geográfica, Marrocos é um país de trânsito na dinâmica migratória da África, com a maioria dos migrantes oriundos da África ocidental e subsaariana.
Desde os anos 2000, Bruxelas tem pressionado Rabat para reduzir o fluxo tanto de marroquinos como de subsaarianos que passam por Marrocos como trampolim para o continente europeu.
O controlo tornou-se mais rígido especialmente na fronteira por terra nos enclaves espanhóis no continente africano com a construção de vedações em Melilla e Ceuta.
Marrocos deixou de ser uma zona de trânsito para tornar-se destino de muitos que desistem de continuar a viagem a rumo à Europa, na maioria vencidos pela fadiga, “mesmo que neste momento não haja muitas oportunidades para imigrantes subsaarianos”, disse Ana Fonseca.
A taxa oficial de desemprego entre jovens 15-24 anos no país é próxima dos 20%.
Marrocos anunciou em 2013 um plano para regularizar milhares de ilegais como parte de uma nova política migratória, tornando-se o primeiro país árabe a desenvolver uma política com enfoque humanitário para o tratamento de imigrantes irregulares.
Entre setembro de 2013 e fevereiro de 2015, foram emitidos 27 mil cartões de residência a migrantes de 116 nacionalidades, a maioria de senegaleses, mas também sírios, nigerianos e cidadãos da Costa do Marfim.
A nova diretriz marroquina foi um alívio para a União Europeia, Adiantou Ana Fonseca, considerando que “para a Europa é bom saber que Marrocos está pronto para cooperar de forma internacional”.
Mas o número de imigrantes ilegais ainda é enorme, com muitos a recusarem registar-se por medo de se tornarem “visíveis” para as autoridades e verem interrompidos os seus planos de seguirem para a Europa.
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