“Nos próximos dias aprovaremos, por maioria desta AN, a declaração de “abandono do cargo”, por parte de Nicolás Maduro, que abandonou a Constituição e os deveres do cargo que lhe corresponde exercer”, disse.

Júlio Borges falava durante uma sessão parlamentar em que foi designado como novo presidente do Parlamento, mas que não foi transmitida pelas televisões venezuelanas que mostravam imagens de um ato de Nicolás Maduro, de quarta-feira.

A declaração, segundo explicou, tem a ver com a legislação em vigor, nomeadamente a Constituição da Venezuela, que prevê que isso possa ocorrer em caso de incumprimento dos deveres e por ter levado o país a uma das maiores crises da sua história.

“Com esta decisão a AN abre as portas para que na Venezuela haja eleições a todos os níveis”, frisou.

Julio Borges recomendou que sejam analisadas as estatísticas em caso de dúvidas sobre os argumentos para declarar o “abandono do cargo” pelo Chefe de Estado, referindo que “desde 2013 mais de 100.000 venezuelanos foram assassinados” e que “de cada 100 venezuelanos, 10 comem do lixo das ruas”.

“Mais de um milhão de empregos perderam-se no ano passado e a inflação acumulada desde que (Nicolás) Maduro é Presidente (abril de 2013) é de 4.200%”, disse.

Julio Borges dirigiu-se aos militares venezuelanos que dizem ser leais a Nicolás Maduro e explicou que o Chefe de Estado “está fora da Constituição e isso é inaceitável”.

“Não é um apelo à rebelião, pelo contrário, é um apelo para fazer cumprir a Constituição e permitir que o povo venezuelano vote”, disse.

O presidente do parlamento anunciou ainda que será passada revista a denúncias de alegado envolvimento de alguns membros do alto comando militar em narcotráfico e violações de direitos humanos.