"Esta Astrofesta é a 15.ª consecutiva enquanto Centro de Ciência Viva e Parque de Astronomia e atingimos nesta edição dedicada aos 50 anos da chegada à Lua os 400 mil visitantes, número que, tendo em conta a localização geográfica e a reduzida equipa que temos aqui, é interessante e que nos anima na nossa missão de divulgar a ciência e a astronomia", disse à Lusa o astrónomo Máximo Ferreira, coordenador científico do CCV de Constância, no distrito de Santarém.

Palestras, observações astronómicas e workshops marcam esta edição da festa da astronomia que assinala os 50 anos da chegada do Homem à Lua e permite a centenas de pessoas, nomeadamente a crianças e jovens, a observação do espaço e o contacto entre visitantes, investigadores, astrónomos amadores e profissionais, professores, entre outros.

A Astrofesta, notou o astrónomo, "começou no dia 16 de julho, 50 anos depois da saída da nave Apolo 11 para a Lua, e de ter levado três astronautas e aterrado com sucesso após uma viagem de 380 mil quilómetros", uma "epopeia" que Máximo Ferreira comparou aos 500 anos das descobertas marítimas.

"Enquanto que há 50 anos se navegava com contacto permanente com a Terra, há 500 anos navegava-se sem contacto algum com a Terra, pelo que há alguma semelhança com as duas aventuras", referiu, tendo feito notar que, ao tempo, "foram colocados três homens no espaço com menos recursos tecnológicos e sistemas informáticos dos que estão hoje disponíveis num simples telemóvel".

Para Máximo Ferreira, o próximo grande desafio será colocar uma nave tripulada em Marte.

"Colocar uma nave tripulada em Marte será o próximo grande desafio da comunidade científica, talvez para lá da anunciada data de 2030, porque se existem as condições tecnológicas para colocar lá uma nave há que ter mais tempo para resolver e ultrapassar as questões das capacidades físicas e psicológicas do ser humano", defendeu o responsável pelas 26 edições das Astrofestas, que arrancaram em Constância em 1993 ainda aquele espaço era "um simples Observatório Astronómico".

Por "motivos de força maior", o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, não compareceu este sábado, como estava previsto, na cerimónia oficial da 26.ª Astrofesta, disse à Lusa Máximo Ferreira.

A festa da astronomia decorre até domingo com sessões de Planetário, com a exibição do filme da missão Apollo XI, visitas orientadas às exposições "Física do Voo- Avião T33", palestras e cursos práticos onde os visitantes aprendem a usar telescópios, a fotografar o céu e a escutar e a conhecer as galáxias distantes.

Inaugurado em março de 2004, o CCV de Constância é composto por um edifício principal com auditório, observatório e planetários e vários módulos exteriores. um parque de campismo de apoio às atividades aos visitantes, um lago Arquimedes, e cinco cúpulas móveis que abrigam telescópios de várias arquiteturas e aberturas, destacando-se "o maior telescópio público existente em Portugal, com capacidade de captar imagens de estrelas a milhares de anos-luz", notou Máximo Ferreira.

O CCV de Constância dispõe ainda de uma aeronave Lockheed T-33 T-Bird, cedida pela Força Aérea Portuguesa para fins de exposição e de divulgação científica, para além de um foguetão da Agência Espacial Europeia.

Situado no Alto de Santa Bárbara, em Constância, num espaço de cerca de quatro hectares, o CCV de Constância - Parque de Astronomia, tem um orçamento de 140 mil euros por ano e nove funcionários a tempo inteiro, dos quais cinco são professores, recebendo uma média de 25 mil visitantes por ano.