“O partido político Cidadãos para a Inovação da Guiné Equatorial censura os resultados eleitorais que a Junta Eleitoral Nacional acaba de tornar públicos, consideramo-los inaceitáveis porque são extremamente desproporcionais e antidemocráticos”, refere o CI num comunicado hoje divulgado.
O Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), no poder há 40 anos, ganhou de novo, sem surpresa, as eleições legislativas, para o Senado e municipais de 12 de novembro, segundo resultados oficiais publicados na sexta-feira à noite.
O PDGE e os 14 partidos aliados obtiveram a totalidade dos 75 assentos do Senado e foram eleitos para todas as presidências de municípios do país, anunciou o presidente da comissão eleitoral nacional, Clemente Engonga Nguema Onguene.
Também ganharam 99 dos 100 assentos da Câmara dos Deputados, onde um único deputado da oposição, membro do partido Cidadãos para a Inovação (CI) foi eleito na circunscrição da capital, Malabo.
O CI, que participava pela primeira vez numas eleições e que esperava fazer uma entrada expressiva no parlamento, elegeu um único conselheiro municipal, também em Malabo.
Para o partido, “é uma situação política difícil de entender e assimilar, uma vez que as votações não foram garantidas por parte do Governo”.
O CI recorda que, na quinta-feira, enviou à Junta Eleitoral Nacional (JEN) “uma queixa das múltiplas irregularidades detetadas durante as votações e solicitando que fosse enviada resposta antes da publicação dos resultados finais”.
“No entanto, a JEN não teve a gentileza política de responder ao nosso pedido para continuar a avançar no caminho do entendimento político democrático”, refere.
O partido, no comunicado hoje divulgado, salienta que, antes das eleições e durante a apresentação das candidaturas já tinha denunciado que tinham sido “retirados de sete municípios”.
“A JEN disse, durante a publicação de resultados, que não apresentámos candidaturas ou listas eleitorais a esses municípios, algo que não é verdade, temos essas cópias e do recurso apresentado”, garante.
Além disso, “e não menos importante”, é, de acordo com o CI, “a situação de perseguição política e jurídica” de que é alvo, bem como os seus militantes.
Também a coligação Juntos Podemos, que deixou de ter representação parlamentar, criticou o ato eleitoral de 12 de novembro, através de um comunicado divulgado nesse dia.
“Perante o acumular de irregularidades e práticas fraudulentas, que não são novas e repetem-se em todas as eleições, agudizando-se cada vez mais, a coligação Juntos Podemos condena as eleições legislativas e municipais que se celebram hoje, por não serem transparentes, livres e justas”, lê-se no comunicado.
Cerca de 300.000 eleitores da Guiné Equatorial votaram em 12 de novembro na Guiné Equatorial, onde o multipartidarismo foi introduzido em 1991, mas que é dirigido desde 1979 pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema, de 74 anos, e o chefe de Estado há mais tempo no poder em todo o mundo.
Responsáveis de partidos da oposição denunciaram múltiplas fraudes e irregularidades no dia da votação em 12 de novembro, quando o acesso à Internet foi cortado e se manteve muito restringido até à divulgação dos resultados, na sexta-feira.
A Guiné Equatorial integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde julho de 2014.
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