Le Pen está acusada desde há cinco anos por uso fraudulento de recursos públicos na contratação de pessoas que na realidade trabalharam para a União Nacional.
A líder da extrema-direita francesa surge acusada juntamente com outras 16 pessoas ligadas ao partido.
A situação remonta à época em que o RN era liderado pelo pai da atual líder, Jean-Marie Le Pen, mas terá tomado forma sob a presidência de Marine Le Pen, após as eleições europeias de 2014, nas quais este partido de extrema-direita conquistou 24 lugares.
O semanário francês Le Journal du Dimanche refere que a gestão dos créditos atribuídos à contratação de colaboradores era “centralizada” pelo partido, que apenas deixava os seus deputados escolherem um auxiliar e se encarregava de contratar os restantes.
A líder do RN reagiu através da sua conta no Twitter, descrevendo o Le Journal du Dimanche como “o órgão oficial do poder macronista [referência a Emmanuel Mácron, presidente da França]”.
“Traz à tona o mesmo caso de assistentes parlamentares como em todas as eleições. Nada de novo”, escreveu, acrescentando referências às eleições regionais de junho.
Já o tesoureiro do partido, Wallerand de Saint-Just, em declarações ao canal de notícias francês BFM acusou o ministro da Justiça, Éric Dupond-Moretti, de estar por trás da divulgação deste inquérito.
“Ele passa a vida a dizer que quer prejudicar ao máximo o RN. Esta é, obviamente, uma manobra política, pouco antes das eleições regionais. Usa aquele jornal e aquela reportagem que não sabemos de onde vem e que é um conjunto de imprecisões e calúnias”, disse Saint-Just.
Em causa está um relatório de 98 páginas, entregue a 15 de fevereiro ao juiz de instrução, que refere que os fundos europeus não foram usados apenas para pagar os colaboradores que efetivamente trabalharam para o partido, mas a alguns que acumulavam contratos de trabalho de forma indevida, descreve a agência noticiosa espanhola Efe.
A deputada francesa e candidata às eleições presidenciais de 2022 é apresentada como a responsável direta por este sistema fraudulento que consistiria em financiar os salários dos trabalhadores do partido com fundos europeus, desviando as verbas dadas aos eurodeputados para contratar assistentes.
De acordo com o Le Journal du Dimanche, a maioria dos suspeitos afirmou ter destruído os seus arquivos, ao mudar de computador, ou não guardou nada que justificasse a sua remuneração do Parlamento Europeu.
Le Pen negou no tribunal, a 05 de setembro de 2018, ter cometido fraude e, hoje, ao semanário francês, o advogado da líder do RN, Rodolphhe Bosselut, reiterou que todos os assistentes parlamentares mencionados trabalharam “em um momento ou outro” para a estrutura europeia.
O jornal também recorda que o Parlamento Europeu não esperou pelo fim do processo penal para reclamar as verbas.
Em 2016 pediu a Le Pen o reembolso de 339 mil euros e durante meses reteve parte das dotações para o efeito, até recuperar cerca de 60 mil euros, mas quando esta saiu do Parlamento Europeu, as transferências foram interrompidas.
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