O Partido Liberal Democrático (PLD) elegerá o novo líder que sucederá ao atual primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, cujo mandato termina no dia 30 e que decidiu não se candidatar à reeleição e, por isso, abandonar o cargo de chefe do executivo.
O seu substituto passará a ser não só o líder do partido, mas também o novo primeiro-ministro, já que no Japão esse cargo é ocupado por quem comanda o partido dominante, neste caso o PLD, que goza de ampla maioria parlamentar e que aspira manter essa condição após as próximas eleições gerais.
As primárias do PLD contam com a presença de quatro candidatos com perfis diferentes, mas que prometem a continuidade das políticas de Suga, que, por sua vez, já tinha seguido o caminho traçado pelo seu antecessor, Shinzo Abe, que deixou o cargo por motivos de saúde, há um ano.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Taro Kono é o favorito para estas eleições internas, segundo as sondagens realizadas por diversos meios de comunicação japoneses, embora seguido de perto por outro antigo chefe de diplomacia, Fumio Kishida.
Kono – que atualmente detém a pasta da Reforma Administrativa e é responsável pela campanha nacional de vacinação – é um dos candidatos mais heterodoxos dentro do partido conservador, sendo defensor do casamento homossexual ou relutante com a energia nuclear.
Kishida, visto como a opção mais conciliatória, afirma que uma das suas prioridades será “romper com as políticas neoliberais” e promover uma melhor distribuição da riqueza, mantendo os pilares da estratégia económica que ficou conhecida como “Abenomics”, na referência ao nome do antigo primeiro-ministro Shinzo Abe.
Em terceiro lugar, embora com um apoio crescente, está Sanae Takaichi, a candidata apoiada por Abe e que se caracteriza pelo seu perfil nacionalista e por ser a candidata mais conservadora em questões familiares e sociais.
As sondagens dão poucas possibilidades ao quarto candidato, Seiko Noda, que, ao contrário de Takaichi, é a favor de várias reformas para apoiar os mais desfavorecidos e promover a igualdade em todas as áreas da sociedade japonesa.
As primárias do PLD consistirão numa votação que ocorrerá na quarta-feira num hotel de Tóquio, na qual participarão presencialmente os 382 deputados do partido nas duas câmaras do Parlamento japonês, além de outros 382 votos atribuídos a membros do partido distribuídos a nível regional.
Para que tudo fique esclarecido na primeira volta é necessário que um dos candidatos reúna no mínimo 383 votos; caso contrário, os dois candidatos mais votados vão a uma segunda volta para decidir o vencedor, na qual votarão os deputados e uma representação reduzida das bases do partido.
O vencedor das primárias será formalmente nomeado como o novo primeiro-ministro, numa sessão parlamentar marcada para a próxima segunda-feira, e nos dias seguintes este terá de anunciar o seu novo Governo e comparecer perante a oposição.
O novo chefe de Governo japonês pode ficar no cargo até ao final de novembro, o mais tardar, e deve convocar uma nova eleição geral antes desse prazo, para encerrar a atual legislatura.
Essas eleições gerais, para as quais estão a ser consideradas as datas de 7 e 14 de novembro, serão a oportunidade para os japoneses se pronunciarem sobre as qualidades do novo dirigente do PLD, que, salvo uma surpresa, voltará a vencer as eleições, perante uma oposição muito fragmentada e com pouco apoio popular.
O PLD governou o Japão no pós-guerra virtualmente ininterruptamente e – apesar da maioria dos japoneses desaprovar a forma como Suga lidou com a pandemia, o principal motivo da sua saída do cargo – nada parece indicar que possa haver uma mudança de ciclo político.
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