No dia em que o PEV lançou uma ação nacional em defesa do transporte ferroviário, denominada 'Comboios a Rolar, Portugal a Avançar', o partido deu uma conferência de imprensa à porta da estação de comboios de Santa Apolónia, em Lisboa, para explicar a iniciativa, que passa por visitar e viajar nas linhas ferroviárias nacionais com mais problemas e com mais falta de investimento, até 22 de Setembro.
“Para 'Os Verdes', é estruturante a ferrovia em Portugal: para o desenvolvimento do nosso país, por razões ambientais, para o bem-estar da população e para quebrar as assimetrias regionais. Esta iniciativa visa introduzir e mostrar que para 'Os Verdes' este será um pilar fundamental da nossa luta no próximo Orçamento do Estado, nas próximas iniciativas que aí vêm, no ano parlamentar”, explicou Manuela Cunha, da Comissão Executiva Nacional do PEV.
A dirigente reconhece que o atual Governo está a investir no setor “como há muito tempo” não acontecia, recordando que há mais de uma década “que não havia investimento” na ferrovia. Contudo, ressalva, esse investimento continua a ser canalizado para a via férrea.
“Nós atualmente estamos, como pão para a boca, a necessitar de investimento no material circulante. Durante anos não se investiu, não se adquiriu novo material circulante. Esta não é uma responsabilidade deste Governo, mas que vem desde há muitos anos a esta parte. No entanto, agora é preciso inverter, adquirir novo material e tomar medidas urgentes para que o material que está disponível em Portugal, ou que vamos alugar ou que vamos comprar ao estrangeiro, seja posto o mais rapidamente possível ao serviço dos portugueses”, defendeu Manuela Cunha.
Esse objetivo só será atingido, segundo a dirigente do PEV, se for tomada uma “medida de fundo”, que passa pela contratação de mais trabalhadores para a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF), detida pela CP - Comboios de Portugal, que faz a “renovação, o arranjo e a adaptação” dos comboios, em Portugal.
“Não há trabalhadores que cheguem na EMEF. Durante anos pensou-se em acabar com a EMEF, em privatizar a EMEF. Então, não se empregou gente na EMEF, deixou-se as pessoas partir para a reforma e ficou-se com uma EMEF, que hoje tem 900 trabalhadores, quando já teve mil e muitos de trabalhadores”, lamentou.
Manuela Cunha afirma que praticamente “todos os dias” saem trabalhadores da EMEF para a reforma.
“Se não paramos esta 'hemorragia' de trabalhadores, está posta em causa a sobrevivência desta estrutura fundamental, de uma empresa e de um serviço fundamental à manutenção da ferrovia em Portugal. Não há mão de obra, não há homens para trabalhar na EMEF”, vincou esta dirigente da Comissão Executiva Nacional do PEV.
A EMEF anunciou hoje já ter selecionado 18 trabalhadores de um total de 102 que pretende contratar até ao final do ano, no âmbito de um concurso público.
“Mas os trabalhadores que vão entrar ao abrigo desse concurso não vão chegar para substituir os que estão a sair para a reforma. Portanto, as carências continuarão e continuará este problema de debilidade geral no material circulante”, alertou a dirigente do PEV.
Manuela Cunha espera que, no próximo Orçamento do Estado, haja dinheiro para a contratação de mais trabalhadores para a EMEF.
“A próxima grande ação do Orçamento do Estado tem de ser a de abrir cordões à bolsa para se poder empregar mais gente, mais trabalhadores nesta estrutura que, se tiver mais homens, consegue dar resposta a um conjunto de material que está parqueado em estaleiros da empresa, à espera de ser reparado, arranjado ou modernizado”, salientou a dirigente do PEV.
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