"Muitos de nós não nos sentimos representados por si desde que tivemos conhecimento das suas afirmações. É por isso que, respeitosamente, lhe pedimos que se desculpe e que se demita do cargo", pode ler-se na carta a Jeroen Dijsselbloem, líder do Eurogrupo, que foi subscrita por uma maioria de eurodeputados do grupo PPE, incluindo o presidente, Manfred Weber.
A iniciativa da carta, que exige ao presidente do fórum dos ministros das Finanças da zona euro que se demita do cargo, partiu de um dos vice-presidentes do grupo parlamentar, o eurodeputado espanhol Esteban Gonzalez Pons, segundo um comunicado.
Os signatários consideram que "atacar um certo grupo de países é atacar cada um dos países da União Europeia", sublinhando que o uso da "mulher com expressões humilhantes, comparando-as a objetos, é atacar toda a gente, homens e mulheres. Sem distinção".
O comunicado salienta ainda que após as declarações, Dijsselbloem teve oportunidade de se retratar no Parlamento Europeu, mas evitou fazê-lo. "Pelo contrário, em vez de pedir desculpa, disse que o problema é que não entendemos o estilo direto de discurso característico da cultura Calvinista. Na nossa opinião, a cultura Calvinista nada tem a ver com o desprezo por outras pessoas", pode ler-se.
Paulo Rangel: "Perante a gravidade das declarações não pode haver contemplações"
O eurodeputado Paulo Rangel, que é também um dos vice-presidentes do grupo PPE, através de um comunicado, salientou que "perante a gravidade das declarações de caráter ofensivo e discriminatório não pode haver contemplações".
Já o social-democrata José Manuel Fernandes, deputado que coordena o grupo do partido para a comissão dos orçamentos, em representação da delegação portuguesa do PSD na cerimónia oficial de assinatura da carta, disse que a “Jeroen Dijsselbloem só lhe resta resignar”. “O presidente do eurogrupo tem de ser credível e capaz de unir. A atitude maniqueísta de Dijsselbloem divide e desagrega", conta o Observador.
Jeroen Dijsselbloem acusou, em declarações ao diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung publicado na segunda-feira, o bloco do sul da União Europeia de “gastar todo o dinheiro em copos e mulheres”, numa altura em que a sua posição à frente do Eurogrupo se encontra fragilizada após a pesada derrota que o seu partido sofreu nas eleições legislativas holandesas no passado dia 15 de março.
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