“O Reino Unido devia ter um papel de liderança na procura de um cessar-fogo no conflito e não receber instruções de Washington e pôr soldados britânicos em risco”, afirmou o líder do Partido Trabalhista britânico (centro-esquerda), Jeremy Corbyn.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, decidiu e ordenou os ataques sem consultar o Parlamento, violando um entendimento político que vigora no Reino Unido desde a intervenção internacional no Iraque em 2003.
Formalmente, no entanto, a primeira-ministra tem competência para decidir operações militares sem a aprovação do Parlamento.
A mobilização da Royal Air Force, que participou nos ataques na Síria com quatro aviões de combate, é, sublinhou Corbyn, “legalmente discutível” e a primeira-ministra “devia ter pedido a aprovação do Parlamento”.
“Seguir um presidente norte-americano imprevisível não pode substituir-se a um mandato da Câmara dos Comuns”, criticou também o líder do Partido Liberal-Democrata (centro), Vince Cable.
“A primeira-ministra podia e devia ter falado com o Parlamento esta semana”, insistiu.
Em França, a oposição também reagiu contra a decisão do presidente, Emmanuel Macron, de envolver o país nos ataques à Síria.
“Acrescentar guerra à guerra nunca faz com que se avance para a paz”, escreveu no Twitter o líder dos Republicanos (centro-direita) no Senado, Bruno Retailleau.
“Esta demonstração pontual de força corre o risco de alimentar o terrorismo, [porque] nutre a ideia de que o Ocidente é hostil ao mundo árabe. Estes ataques enfraquecem a nossa diplomacia”, considerou.
Também a líder da Frente Nacional (extrema-direita), Marine Le Pen, considerou que os ataques colocam França “num caminho de consequências imprevisíveis e potencialmente dramáticas”.
“França perdeu, mais uma vez, uma oportunidade de aparecer na cena internacional como uma potência independente e de equilíbrio no mundo”, escreveu Le Pen no Twitter.
As críticas mais fortes a Macron foram feitas pelo líder da França Insubmissa (esquerda), Jean-Luc Mélenchon, que disse à imprensa que conta “com o sangue frio dos russos para que tudo fique por aqui”.
Mélenchon advertiu que os grandes conflitos começam frequentemente com incidentes aparentemente menores e criticou Macron por “alinhar-se com os Estados Unidos”.
Os EUA, a França e o Reino Unido realizaram hoje uma série de ataques com mísseis contra três alvos associados à produção e armazenamento de armas químicas na Síria, em resposta a um alegado ataque com armas químicas lançado pelo regime em 07 de abril contra a cidade rebelde de Douma, em Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco.
O presidente dos Estados unidos, Donald Trump, condenou os ataques “monstruosos” levados a cabo pelo regime de Damasco e afirmou que a operação irá durar “o tempo que for necessário”.
A Rússia, principal aliado do regime sírio, pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que se realiza a partir das 15:00 TMG (16:00 em Lisboa).
Comentários