
Rui Tavares, do LIVRE, foi o primeiro a falar na sessão solene do 25 de abril. O representante do LIVRE explicou que "é preciso que alguém o diga nesta data" e a partir deste lugar: "a nossa democracia" não está garantida. "Estes 49 anos devem servir para alertar para tudo aquilo que podemos perder", lembrando ainda que "todos os regimes democráticos têm os seus inimigos"
Embora tenha havido uma separação entre a recepção a Lula e as celebrações do 25 de abril, o discurso de Rui Tavares é marcado por exemplos de perigo à democracia brasileira. O deputado não faz distinção entre lados em autoritarismos, dizendo que "quem der as mãos, a uns e a outros, ficará com as mãos manchadas". E, numa alusão à polémica vinda de Lula, diz que não é a primeira vez que o Parlamento recebe figuras autoritárias ou corruptas: "Tenho orgulho de pertencer a um povo que dirá, sempre que necessário, '25 de abril, sempre!'". Não voltarão", termina o deputado do LIVRE.
Inês Sousa Real, do PAN, foi a segunda a discursar, partilhando o mesmo "embaraço pelo desrespeito que foi demonstrado por alguns" pelo representante do "nosso povo irmão"
A líder do PAN evocou ainda a escritora Natália Correia e lembrou que o trabalho ainda não está feito, 49 anos depois do 25 de abril, lembrando muito do que falta fazer no que diz respeito aos idosos, aos jovens, na educação e na habitação e, claro, na defesa dos direitos dos animais.
Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, fez referência a Amilcar Cabral, antigo político guineense que foi importante na independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, que foi assassinado há 50 anos em Conacri, referindo que "a celebração do 25 de abril terá também de ser a homenagem a Amílcar Cabral". No que é o seu último discurso como líder do BE, Martins citou repetidamente a expressão "foi bonita a festa, pá", de Chico Buarque, ao mesmo tempo que se regozijava pelo facto do cantor brasileiro ter recebido (finalmente) o Prémio Camões.
Depois, não fugiu ao costume destas celebrações, lembrando os Capitães de Abril e ainda que o 25 de abril foi o rastilho para muitas outras festas da democracia e que "a revolução não foi uma declaração, foi uma construção", assinalando tudo o que se alcançou em democracia, para depois listar o "tanto que ficou por fazer" e os "recuos democráticos".
Para Manuel Loff, do PCP, falar de 25 de abril significa que "não renunciaremos ao que conquistámos em abril. O direito a defender publicamente os nossos direitos enquanto cidadões e trabalhadores" ou "a dizer fascismo nunca mais" foram algumas das conquistas lembradas pelo deputado comunista, que saudou os capitães de abril logo no início da sua intervenção.
"Não podemos comemorar o 25 de abril" e, ao mesmo tempo, "deixar degradar as condições de vida dos portugueses", ressalva Manuel Loff, para depois voltar a mencionar o fascismo como uma ameaça próxima e a extrema-direita como estando a crescer, lembrando depois a situação recente no Brasil.
Pela Iniciativa Liberal falou Rui Rocha, que aproveitou a 'festa da liberdade' para recordar as vezes em que Portugal se "renovou" a cada libertação, dizendo que "em abril de '74, Portugal fez-se novo, tão radicalmente novo como radicalmente velho era o Portugal de Salazar".
Depois de recordar a liberdade conquistada a pulso a 25 de abril de 74, o reconquistar do 25 de novembro e o consolidar da democracia parlamentar a 25 de abril em 76, lembra que o "25 de abril é para todos" e ressalvando que vão desfilar na Avenida da Liberdade, "contrariando aqueles que nos tentaram impedir de o fazer".
Depois de uma viagem pelas democracias em perigo no mundo, Rui Rocha criticou a presença de Lula e compara-o ao Bolsonaro e a Salvini, razão pela qual "não poderia ser recebido no parlamento" neste dia.
André Ventura, do Chega começou o seu discurso falando de um período negro em Portugal e criticou a presença de Lula da Silva, presidente do Brasil, na Assembleia da República.
"Que vergonha e que hipocrisia dos nossos dirigentes nacionais, que dão a mão a Zelensky durante o dia e a Lula da Silva durante a noite", afirmou o líder do Chega, para depois lembrar a situação das prescrições no caso judicial que envolve José Sócrates e aproveitar o momento para dizer que "os que roubam milhões andam de cravo ao peito".
A TAP também é usada pelo líder do Chega no discurso onde, como é seu apanágio, mostra papéis impressos com notícias para se referir a um país de diferenças. E antes de falar de imigração e de lembrar que, para o Chega, Portugal é um país de matriz cristã, veio o ataque a António Costa, seguidos de protestos da bancada do PS depois de Ventura ter pedido ao primeiro-ministro que se "junte a Sócrates e vá para o Brasil".
Joaquim Miranda Sarmento, do PSD, começou por saudar quem lutou pela revolução de '74 para depois se posicionar ao lado da Ucrânia no conflito com a Rússia.: "Hoje homenageamos aqueles que arriscaram tudo e que terminaram com a ditadura e a opressão"
Não perdeu a oportunidade de criticar o que denomina de falta "de esperança e ambição. Há 25 anos que não há desígnio nacional, que empobrecemos" e que "caminhamos para o fundo da tabela dos países europeus", refere Miranda Sarmento, para depois evocar Francisco Sá Carneiro.
"Os portugueses têm que voltar a ter esperança no futuro", prossegue o líder parlamentar do principal partido da oposição, para depois referir que o nepotismo mina a confiança dos cidadãos na democracia e que os problemas que desacreditam o país e dão aso "aos extremismos de extrema direita e de extrema esquerda".
O último representante a discursar foi João Torres, do PS, que lembrou todos os que ajudaram na revolução, dos estudantes aos militares, o Secretário-geral adjunto do PS recordou Mário Soares, que ajudou a transformar o país num "Portugal europeu e não imperial". Citando a escritora Sophia de Mello Breyner, Torres afirmou que: "Por isso avanças sempre e não recuas, connosco a poesia está nas ruas".
João Torres terminou criticando os populismos e a direita democrática que é conivente com o fascismo. O PS também não fugiu à Ucrânia e mais uma vez salientou o apoio ao país desde a primeira hora. Quanto a Portugal, diz estar a "melhorar a democracia" e a "valorizar a decência do sentido de Estado
Atualizado 12h42.
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