"Quando o Governo diz que vai à concertação social mas já decidiu isso significa uma falsificação da concertação social. Não vai haver concertação nenhuma, o Governo já decidiu, vai perguntar aos parceiros se querem assinar aquilo ou se querem que a coisa vá para a frente conforme o Governo decidiu", afirmou Pedro Passos Coelho.
O líder social-democrata e ex-primeiro-ministro foi questionado sobre a reunião da concertação social convocada pelo Governo para quinta-feira, para discutir o aumento do salário mínimo nacional, que o executivo se comprometeu a aumentar de forma progressiva, de modo a que este atinja os 600 euros em 2019.
O salário mínimo foi fixado nos 530 euros este ano, devendo chegar aos 557 euros em 2017 e aos 580 euros em 2018.
Para Pedro Passos Coelho, neste tema, não se trata de saber o que se deseja, mas o que o crescimento da economia permite: "Não creio que se o fixássemos em 1000 euros isso representasse alguma coisa que deixasse alguém rico".
"Porque é que não devemos fixar o salário mínimo em 1000 euros? Ou a pensão em 1000 euros? Porque quer salários, quer pensões, são pagos pela economia, nuns casos pelas empresas e noutras pelas empresas e pelos ativos", sustentou.
O ex-primeiro-ministro defendeu que, se houver "salários muito elevados, as empresas terão de ter resultados que lhes permitam suportar esses salários, sem perda de competitividade e de capacidade de crescer no futuro".
"Dificilmente a economia pode sustentar aumentos de rendimentos na casa dos 10 a 15% se não mais, como está a ser prometido até ao fim da legislatura", afirmou.
Passos Coelho falava aos jornalistas durante uma visita à 11.ª edição do ‘Portugal Exportador', um evento organizado no Centro de Congressos de Lisboa, pela Fundação AIP, Novo Banco e AICEP Portugal Global, com o objetivo de estimular a internacionalização da economia portuguesa.
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