"Há uma intenção clara do Governo de poder ir deitar a mão às reservas, ao dinheiro que está no BdP para, como medida extraordinária, ajudar a compor os números do défice", disse Pedro Passos Coelho aos jornalistas, em Beja, durante uma visita à feira agropecuária Ovibeja.
Pedro Passos Coelho reagia ao relatório do grupo de trabalho formado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa, que apresenta uma proposta de reestruturação em 31% para 91,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e pede ao Governo "cenários concretos" de reestruturação para serem utilizados em discussões europeias.
Segundo o líder do PSD, "os subscritores do documento abdicam de fazer qualquer restruturação da dívida, e isso é bom, mas depois fazem algumas sugestões para políticas de curto prazo", as quais, "com exceção de uma, são ou erradas ou perigosas".
"A exceção é pagar mais depressa ao Fundo Monetário Internacional" (FMI), apontou, referindo ter "pena" que "o atual Governo tenha decidido abrandar o ritmo de pagamento de empréstimos ao FMI", porque isso permitiria a Portugal "poupar mais dinheiro em juros".
O "perigoso ou errado" é "encurtar os prazos de emissão de dívida, como é proposto", o que, "normalmente", é "o que fazem os credores com pior qualidade e foi o que aconteceu a Portugal até 2011", disse.
"Aquilo que é perigoso é ir simplesmente deitar a mão às reservas do Banco de Portugal, que já se percebeu que é isso que o PS e o BE querem e este é ponto essencial", insistiu Pedro Passos Coelho, referindo que "talvez hoje se perceba um pouco melhor esta guerra que tem sido movida contra o governador do BdP e contra do BdP".
Pedro Passos Coelho recordou ainda que, durante muitos anos, "o BE e muitas vozes do PS" insistiram que era "indispensável fazer a reestruturação da dívida portuguesa", mas, com este relatório, "meteram a viola no saco e essa conversa parece ter acabado".
O relatório vem dizer que o país pode "fazer uma diferente gestão em termos de curto e médio prazo da dívida pública portuguesa" e "abdica de fazer uma reestruturação da dívida no seu todo", disse.
"Do nosso [PSD] ponto de vista é muito positivo", porque "sempre nos pareceu bastante contraproducente andar todos estes anos a insistir na ideia que era preciso reestruturar a dívida", argumentou.
O presidente dos social-democratas referiu também que o grupo de trabalho sugere "uma extensão dos prazos dos pagamentos dos empréstimos e deixa em aberto a possibilidade de os países europeus perdoarem uma parte dos juros dessa dívida", uma proposta que "não tem grande viabilidade".
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