"É a substituição do capitalismo pelo socialismo que, no século XXI, continua inscrita como uma possibilidade real e como a mais sólida perspetiva de evolução da humanidade", afirmou o secretário-geral do PCP, numa sessão na Voz do Operário, em Lisboa, em que leu durante 20 minutos sem interrupções nem aplausos um discurso de cinco páginas e meia sobre a Comuna de Paris.

Essa substituição do "capitalismo pelo socialismo" pode ocorrer como uma "possibilidade real" num "prazo histórico mais ou menos prolongado, por vias diversificadas e num processo" com as necessárias "redefinições e enriquecimentos de projeto, através da luta de emancipação social e nacional dos trabalhadores e dos povos", disse.

Após os 20 minutos de discurso, os militantes aplaudiram de pé, cantou-se o hino do partido, "Avante, camarada", e o Hino de Portugal, numa sessão com apenas algumas dezenas de participantes, com máscara, respeitando uma distância de segurança devido à epidemia de covid-19, em que a Comuna de Paris foi dada como exemplo precursor de outras revoluções pelo mundo.

Tomando como exemplo a “impetuosa insurreição” da Comuna, que ergueu “a bandeira vermelha de luta do proletariado” em Paris, o líder dos comunistas percorreu a história do comunismo no Mundo, e lembrou como os acontecimentos em França em 1971 tiveram impacto em Portugal, nos anos seguintes.

E elogiou a experiência da União Soviética, que deixou de existir na década de 1990, e dos países da Europa de Leste, apesar dos “atrasos, erros e deformações que conduziram à sua reversibilidade”.

A URSS e os países socialistas, afirmou, “colocaram o desenvolvimento económico ao serviço da concretização dos direitos dos seus povos”, com a “eliminação do desemprego e da pobreza, a erradicação do analfabetismo”, entre outros objetivos.

Ao evocar a Comuna de Paris “e o seu ideal emancipador”, Jerónimo de Sousa salientou também “o significado e o alcance da Revolução de Abril em Portugal”, uma “conquista pelos trabalhadores e o povo português pela liberdade, dos direitos democráticos”.