“Nós estamos numa situação explosiva do ponto de vista social (…) e não são dadas respostas a isso. O problema é que a maioria absoluta do PS, por si só, não lhe garante chegar até ao fim porque, se estiver numa situação onde não haja correspondência aos problemas do país e aos problemas da sociedade, a sociedade encontrará as formas de resolver isso”, declarou Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP falava aos jornalistas em Beja, pouco depois de ter discursado na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PCP, que decorrem entre hoje e terça-feira naquele distrito alentejano.
O líder comunista sublinhou que a população não vai “ficar à espera quatro anos para se permitir uma mesma política que vai mandando para baixo cada vez mais”.
Questionado se o povo tem na mão a possibilidade de deixar cair o Governo, Paulo Raimundo respondeu: “o povo tem sempre na mão tudo”.
“Ou há resposta política por parte do Governo para resolver o problema da maioria das pessoas e, ao mesmo tempo, combater esta vergonha destes lucros acumulados na mão de muitos poucos, ou então as pessoas têm de agir de forma mais acentuada a esta política”, reiterou.
“O Governo, das duas, três: ou cede, no bom sentido de dar resposta, ou então não tem alternativa senão sair”, acrescentou.
Em seguida, questionado se, para o PCP, o caminho será o de eleições antecipadas, Paulo Raimundo respondeu que não.
"Não, nós não temos nenhuma opção com eleições nem queremos fazer nenhum esforço para isso. O que queremos é que o Governo tem os instrumentos todos na mão, inclusive maioria absoluta, que cumpra, que dê respostas, que resolva o problema das pessoas, esse é que é o nosso empenho todo. Eleições antecipadas, por si só, não resolve nada", disse.
Paulo Raimundo considerou que o tempo para o Governo dar as respostas necessárias “vai-se esgotando, já lá vai um ano, com as condições todas”.
“Se não deu as respostas até agora, ainda está a tempo de inverter… Os sinais que vemos não são nesse sentido”, advertiu.
Interrogado se a resposta do PCP é a rua, Raimundo afirmou que a resposta do seu partido é “discutir”, encontrar-se e falar “com as pessoas, procurar soluções e, no plano institucional, apresentar propostas”.
“Claro, a rua também. As pessoas não podem estar a ser apertadas como estão e ficarem simplesmente sem reação. Não, têm de reagir”, reiterou.
O secretário-geral do PCP fez um “balanço negativo” do primeiro ano de maioria absoluta, que se assinala hoje, afirmando que faz esse balanço “não necessariamente por haver maioria absoluta ou não, por ser o PS ou não ser o PS”.
“O balanço é negativo porque nós estamos perante uma situação social e económica que exige respostas que o Governo não dá. Com esta agravante: é que nós somos confrontados com todos nós a sermos apertados todos os dias, nos salários, nas pensões, o dinheiro a não chegar para os bens essenciais, e há aí uns pouco que estão a encher à grande e à francesa”, criticou.
Questionado sobre o que espera que o primeiro-ministro diga na entrevista hoje à noite, Paulo Raimundo disse que espera que ele volte a repetir que “o Governo não se pode concentrar no problema dos casos, que é preciso dar resposta aos problemas das pessoas”.
“Então, que dê: fixe os preços dos bens essenciais, deixe de transferir dinheiro público para o setor privado, como fez nas energias, nas concessionárias das autoestradas, por aí fora. Que cumpra aquilo que considera positivo”, frisou.
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