“A escalada armamentista, a política de sanções económicas, comerciais, financeiras, culturais e desportivas, a deriva autoritária e de imposição do pensamento único não servem a causa da paz”, sustentou João Ferreira, durante uma declaração sobre a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e a reunião do Conselho Europeu, na sede do partido, em Lisboa.

O dirigente comunista acrescentou que “não se alcança a paz insistindo no caminho que conduziu à guerra”, mas as conclusões do último Conselho Europeu, “alinhadas com as conclusões da cimeira da NATO, algumas das quais há muito delineadas, apontam precisamente no sentido da política de confrontação”.

“Não se promove a paz e a segurança com confrontação, com ameaças, com propaganda de guerra, nem com sanções”, completou.

O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP advogou que a guerra apenas beneficia a indústria do armamento e o “redirecionamento da dependência energética de diversos países da União Europeia”, por exemplo, para os Estados Unidos, “em especial no que toca aos combustíveis fósseis e, em particular, ao gás (…), deixando a nu a hipocrisia subjacente às propaladas preocupações ambientais” de Bruxelas.

João Ferreira também disse que a guerra na Ucrânia está a servir para “alimentar o crescimento de conceções reacionárias, antidemocráticas e fascizantes”.

Questionado pelos jornalistas sobre que soluções aponta o PCP para uma eventual resolução do conflito entre Kiev e Moscovo, João Ferreira não concretizou, mas referiu que o “processo de continuada militarização da Europa, em particular da Europa de Leste, junto às fronteiras da Federação Russa” prejudicou o clima de segurança europeu.

“A União Europeia podia de alguma forma assumir este papel [de mediador do conflito], lança-se em vez disso na tal escalada que longe de ajudar ao desanuviamento e a uma solução política, o que faz é deixar essa solução mais distante”, prosseguiu.

Em 24 de fevereiro a Rússia iniciou uma ofensiva militar na Ucrânia que já provocou a morte a mais de 1.100 civis, incluindo 139 crianças, e feriu pelo menos 1.790 de acordo com o último balaço feito pela Organização das Nações Unidas.