O aviso foi feito por Rui Fernandes, da comissão política do PCP, numa conferência de imprensa, na sede nacional do partido, em Lisboa, e em que criticou a “subalternização da missão constitucional das Forças Armadas, de defesa da soberania e independência nacionais”.
“O prosseguimento pelo atual Governo dos traços essenciais da governação PSD/CDS, nesta área como noutras, tenderão a um inevitável agravamento na sustentação dos meios operacionais e na gestão dos meios humanos, com a consequente limitação à intervenção das Forças Armadas no cumprimento das suas missões constitucionais”, afirmou Rui Fernandes.
Esta foi a crítica deixada pelo dirigente depois de apontar vários problemas à atual situação na área, no estatuto dos militares, com perdas de direitos e de “condições de cumprir todas as suas missões”.
Há missões feitas “à custa de uma elevada sobrecarga e desgaste de pessoas”, na Armada e na Força Aérea, acrescentou.
É inadmissível, segundo afirmou, que “se formem tropas de elite como os fuzileiros” para “patrulharem as praias em substituição da Polícia Marítima ou de nadadores-salvadores”.
O PCP também recusa, acrescentou, a “conceção pimba” de ter uma política de compra de “equipamento de ‘último grito’” e depois não ter pessoal tão bem formado ou ocupado noutras funções.
Na revisão da próxima Lei de Programação Militar (LPM), que determina os investimentos a fazer pelas Forças Armadas no prazo de quatro anos, o PCP considera que os 700 milhões de investimento são "uma mistificação", em que se "anuncia o que está previsto".
Segundo noticiou no domingo o Jornal de Negócios , haverá um investimento de cerca de 700 milhões de euros nos próximos anos nas Forças Armadas.
Para o PCP, é necessário “reverter políticas” nas áreas da saúde e apoios sociais nas Forças Armadas, reforçar o recrutamento e preenchimento de quadros, na formação e no treino.
"É preciso uma política que reforce a ligação das Forças Armadas ao povo", disse.
Os comunistas estão também preocupados relativamente à Base Aérea do Montijo no processo de criação de um aeroporto complementar, pela “subalternização da Força Aérea” no processo e ao programa de manutenção dos helicópteros EH 101.
Não será "certamente com o reforço do investimento em missões no estrangeiro," que se resolverão "os problemas das graves dificuldades internas", concluiu ainda.
O PCP anunciou que irá entregar no parlamento um projeto de alteração ao Estatuto dos Militares, um projeto de resolução para alterar as regras de avaliação e mérito dos militares.
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