“Penso que os dois mandatos de Martin Schulz como presidente do Parlamento Europeu confirmam que a mudança de rostos poucas vezes resulta numa mudança no conjunto das decisões políticas” da União Europeia, afirmou em declarações à agência Lusa.

João Ferreira diz que os mandatos de Schulz à frente do Parlamento Europeu corresponderam a “anos de manutenção do chamado consenso de Bruxelas entre a direita e a social-democracia europeias”, e que, “no essencial, convergiram no aprofundamento dos aspetos mais negativos no processo de integração, na sua matriz intrinsecamente geradora de divergências”.

“Está à vista na situação de vários Estados-membros, em particular em Portugal, o que significaram estes anos. E Martin Schulz foi mais um protagonista deste conjunto de políticas e do consenso que as determina”, acrescentou.

Martin Schulz, diz João Ferreira, “não foi diferente, no essencial, dos [presidentes] que o antecederam, mesmo de outras famílias políticas, e não será provavelmente muito diferente daquele ou daquela que o irá suceder”.

Neste sentido, ainda que o Partido Popular Europeu ocupe já a presidência da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, “a verdade é que não são de esperar grandes diferenças e portanto não é daí que vão resultar desequilíbrios. Os equilíbrios estão determinados pelo consenso entre a direita e a social-democracia, isto independente do rosto que num dado momento ocupe um determinado lugar”.

A título de exemplo, o eurodeputado português recorda que “ainda esta semana Martin Schulz teve um papel destacado” em inviabilizar que se pudesse debater no PE o acordo de livre comércio que a União Europeia assinou com o Canadá – o CETA (Comprehensive Economic and Trade Agreement's).

“O simples debate das implicações deste acordo”, sublinha João Ferreira, que “tem implicações profundas em vários setores produtivos europeus e, já agora, nacionais”, que o PE vai ter que votar, até a sua legalidade, foi inviabilizado por esta maioria, tendo Martin Schulz, o presidente do PE, um papel determinante neste processo”.

“É um exemplo entre muitos outros possíveis que me fazem crer que nem Martin Schulz trouxe grandes novidades face a quem o antecedeu nem quem o vai suceder, saindo deste consenso entre a direita e a social-democracia, será muito diferente”, conclui o eurodeputado.

O presidente do Parlamento Europeu (PE), Martin Schulz, anunciou hoje que vai abandonar a política europeia e concorrer nas próximas legislativas alemãs, em 2017, contra a chanceler Angela Merkel.

"Não irei concorrer para presidente do Parlamento Europeu no próximo ano, irei candidatar-me ao Bundestag alemão como cabeça de lista do meu partido, o SPD, pela Renânia do Norte/Vestfália", anunciou Schulz, numa declaração e imprensa, em Bruxelas.

"Não foi uma decisão fácil", salientou.

O SPD é atualmente parceiro da coligação governamental alemã liderada por Markel, que já anunciou a candidatura a um quarto mandato como chanceler.

A decisão de Schulz abre o debate sobre a sua sucessão no PE, sendo o Partido Popular Europeu (PPE) - o maior grupo político do PPE - apontado como a mais provável fonte do próximo presidente.

No entanto, políticos do PPE já ocupam a presidência do Conselho Europeu (Donald Tusk) e da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker).

Martin Schulz é deputado ao PE desde 1994 e entre 2004 e 2012 foi o líder da bancada socialista no hemiciclo europeu. Foi eleito presidente do Parlamento Europeu em 17 de Janeiro de 2012.

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