João Oliveira respondia a perguntas dos jornalistas no encerramento de dia e meio de jornadas parlamentares no distrito de Braga, num hotel da Cidade dos Arcebispos.

"Estando nós a poucos meses das eleições legislativas e já com a data marcada para 06 de outubro, esta iniciativa do CDS, naturalmente, não é para ser levada a sério. Resulta de uma disputa de espaço político entre CDS e PSD, à direita, matéria na qual o PCP não se intromete nem tem interesse nenhum", disse.

O deputado do PCP acrescentou que, "ainda para mais", vivendo-se "num quadro em que, sendo verdade que muitas das opções do PS e do Governo merecem censura, essas são precisamente aquelas em que o CDS converge com o PS e o Governo e CDS e o PSD apoiam o PS e o Governo".

"O debate desta moção de censura que vai substituir o debate quinzenal que estava agendado para esta semana talvez possa ter ainda assim essa utilidade marginal de trazer à evidência as convergências entre CDS, PSD, PS e Governo naquilo em que há problemas por resolver e são rejeitadas soluções que o PCP apresenta, naquilo em que não se avançou porque PSD e CDS se revelaram muletas muito úteis contra os interesses dos trabalhadores e do povo", anteviu João Oliveira.

Na quarta-feira, no parlamento, será discutida e votada a moção de censura do CDS-PP ao Governo, a segunda desta legislatura.

A última a ser discutida no parlamento foi também apresentada pelo CDS em 24 de outubro de 2017, centrada nas falhas do Estado no combate aos grandes incêndios desse ano. Foi rejeitada com 122 votos contra, do PS, PCP, BE, PEV e do deputado do PAN, e 105 votos favoráveis, do CDS-PP e do PSD.

Para ser aprovada, o que implica a queda do Governo, a moção tem que obter 116 votos. PS e os outros partidos de esquerda (PCP, BE e PEV) têm maioria na Assembleia da República e já anunciaram o voto contra, ao passo que o PSD votará favoravelmente.