“Se o Governo continuar amarrado às metas para redução do défice ou a pagar dívida a este ritmo dificilmente terá recursos para cumprir objetivos como revitalizar o interior ou avançar com o reordenamento da floresta. Depois faltarão meios humanos e financeiros, sobrando apenas promessas”, afirmou Gonçalo Oliveira, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, numa reação à mensagem de Natal do primeiro-ministro, feita a partir do Centro de Trabalho do partido no Porto.
Destacando a importância de “valorizar as conquistas” até agora alcançadas e previstas o Orçamento do Estado para 2018, Gonçalo Oliveira notou que elas serão sempre “limitadas” enquanto “não se colocar a soberania nacional no primeiro plano”, centrando a discussão nos “grandes temas”, como “a renegociação da dívida e fim da submissão de Portugal à política do euro”.
De acordo com o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, as “contradições” da mensagem de Natal tiveram lugar quando o primeiro-ministro “afirma o compromisso em ultrapassar obstáculos ao desenvolvimento do país, mas reitera a importância de se cumprirem compromissos com a União Europeia e o grande capital”.
Isto porque, para o PCP, estes compromissos “resultam em constrangimentos e limitam a capacidade de desenvolvimento” de Portugal.
“Quando o primeiro-ministro refere como prioridade o emprego digno com um salário justo, é preciso não esquecer que, ainda há pouco tempo foi o Governo quem travou o Salário Mínimo Nacional nos 580 euros, quando devia ter ido até aos 600”, frisou Gonçalo Oliveira.
Para o comunista, isto “significa continuar a apostar numa política de baixos salários e de exploração de quem trabalha”.
“O PCP está confiante de que é possível assegurar futuro melhor, mas tem de ser construído. Para continuar a chegar lá é preciso uma política diferente”, vincou.
De acordo com Gonçalo Oliveira, tal passa pelo que tem vindo “a ser defendido pelo PCP”, como a “valorização dos salários e pensões”, a “retoma das empresas e dos setores estratégicos para o controlo do Estado” ou por “garantir os serviços públicos e o acesso à saúde e educação para todos”.
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