“Todas as questões relativas à ocorrência de Tancos devem ser esclarecidas, nomeadamente no âmbito do inquérito do Ministério Público. Quanto à eventualidade de um inquérito parlamentar, o PCP decidirá na base de alguma proposta concreta que seja apresentada”, refere uma posição do partido enviada à Lusa, depois de questionado sobre esta matéria.
O material que foi furtado do quartel de Tancos, Santarém, em 2017, ainda não foi todo recuperado, noticiou o semanário Expresso, que refere que ainda existem granadas e explosivos por devolver.
Na sequência desta notícia, divulgada na sexta-feira à noite, PSD e CDS-PP já exigiram hoje esclarecimentos urgentes ao Governo e não fecharam a porta à realização de uma comissão parlamentar de inquérito.
Numa nota na sua página na rede social Facebook, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, classificou esta notícia como “inacreditável”, considerando que põe em causa a segurança nacional.
Em declarações ao jornal Público, Negrão admitiu a possibilidade de propor uma comissão de inquérito ao caso, uma hipótese que já tinha sido ponderada no final do ano passado sob a anterior liderança de Passos Coelho.
Fonte oficial do CDS-PP disse à Lusa que essa é também uma possibilidade se os esclarecimentos – que os democratas-cristãos exigiram para hoje ao Governo e ao Exército - “não forem satisfatórios”.
Em declarações à Lusa, o deputado e coordenador do CDS-PP na Comissão de Defesa, João Rebelo, disse que o partido “acompanha o comunicado do Presidente da República em que este manifesta preocupação” com o sucedido e confessa-se estupefacto por ter sido prestada ao parlamento “informação incorreta” de que todo o material furtado (à exceção de munições de 9 milímetros) tinha sido recuperado.
Quer PSD quer CDS-PP prometem confrontar já na terça-feira o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, com esta matéria, numa audição parlamentar marcada para debater em detalhe a Cimeira da NATO, que se realizou esta semana em Bruxelas.
Na sexta-feira à noite, a notícia do Expresso levou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a fazer um novo comunicado sobre esta matéria, na página oficial da Presidência da República, reafirmando a exigência de esclarecimentos cabais de modo “ainda mais incisivo e preocupado”.
"E tem a certeza de que nenhuma questão envolvendo a conduta de entidades policiais encarregadas da investigação criminal, sob a direção do Ministério Público, poderá prejudicar o conhecimento, pelos portugueses, dos resultados dessa investigação. Que o mesmo é dizer o apuramento dos factos e a eventual decorrente responsabilização", acrescenta ainda o chefe de Estado.
O furto de material militar dos paióis de Tancos – instalação entretanto desativada – foi detetado a 28 de junho durante uma ronda móvel, pelas 16:30, por um sargento e um praça ao serviço do Regimento de Engenharia 1.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e grande quantidade de munições.
A 18 de outubro passado, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado da base de Tancos no final de junho, à exceção das munições de 9 milímetros.
Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do que tinha sido roubado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.
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