“Se não houver reciprocidade do PSD em viabilizar um governo minoritário do PS, o partido sente-se desobrigado de cumprir o que disse no debate com Luís Montenegro", afirmou Pedro Nuno Santos antes de uma iniciativa da CIP, no Porto.

O líder socialista corrigiu depois a palavra "desobrigado", clarificando que "o fundamental é exigir reciprocidade" e mantendo a promessa feita no frente-a-frente com Montenegro na segunda-feira de viabilizar um executivo minoritária da AD.

Acusando Luís Montenegro de “continuar sem dizer o que fará perante um governo do PS”, Pedro Nuno insistiu que “essa resposta impõe-se”.

“Exigimos e esperamos do PSD aquilo que garantimos ao PSD. O que queremos é que o PSD responda ao repto do PS”, esclareceu Pedro Nuno Santos após intervir no congresso da Confederação Empresarial de Portugal, no Porto.

Para o secretário-geral do PS, “um dos valores mais importantes da sociedade na relação entre pessoas e também na política é o da reciprocidade".

"O PSD não está disponível para garantir ao PS aquilo que o PS garantiu. E, por isso, sentimo-nos desobrigados. Na realidade ninguém pode impor ou exigir ao PS que faça aquilo que o PSD não está disponível para fazer”, disse Pedro Nuno Santos na intervenção inicial, antes de retirar o termo "desobrigado".

A ausência de esclarecimento por parte do líder da AD, para o socialista, “levanta novamente a questão (…) sobre o que isso significa sobre potenciais alianças que o PSD quer construir”.

“E esta é uma questão muito relevante. Por isso é que falo de estabilidade, o país precisa de estabilidade e nós temos condições para a garantir”, insistiu, considerando que a “estabilidade não é garantida” quando se olha para a direita e que “por isso é que falava de bagunça”.

“E não é só porque não se entendem, porque o André Ventura quer Luís Montenegro e Luís Montenegro prefere Rui Rocha e ambos não querem André Ventura, mas porque a AD apresenta ao país um programa que é uma verdadeira aventura fiscal que corresponde a um buraco orçamental muito significativo”, continuou.

Recorrendo aos números, o dirigente socialista disse que a “aventura fiscal significa, em quatro anos, menos 16,5 milhões de euros”, um valor que sobe “para 23,5 milhões de euros” se for acrescentado “às outras medidas que estão no cenário do próprio PSD”, alertando, a propósito, que os tempos que se avizinham “são de incerteza, que exigem prudência”.

Para justificar esse cuidado, lembrou que recentemente França apresentou “um pacote de austeridade de 10 mil milhões de euros”, enfatizando não ser isso que quer que aconteça em Portugal.