“O entendimento à esquerda não foi um parêntesis na história da democracia portuguesa e a direita tem se habituar a isso”, afirmou o ministro das Infraestruturas, em Vila Real de Santo António, à margem da assinatura do contrato de consignação da obra de eletrificação da linha ferroviária do Algarve entre Faro e essa cidade algarvia.
Pedro Nuno Santos considerou que o país tem de “viver com mais naturalidade com momentos como este”, referindo-se à reprovação do Orçamento do Estado para 2022 e à consequência anunciada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de que iria dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas antecipadas.
O governante deu como exemplos outros países da Europa que também realizaram processos eleitorais e podem levar meses a constituir um novo Governo, como a Holanda ou a Alemanha, e defendeu o trabalho realizado ao longo dos últimos seis anos pelo executivo socialista, que apenas durou menos tempo, na democracia portuguesa, que aquele liderado por Aníbal Cavaco Silva.
Pedro Nuno Santos considerou que as “eleições fazem parte da democracia” e é, por isso, necessário “conviver com naturalidade com estes momentos” em que as legislativas podem ser antecipadas.
“A única coisa que eu sei é que temos ouvido muitas afirmações, normalmente de quem se posiciona à direita — e é importante também referir isso, porque isso tem uma lógica — , de como se o fim desta solução provasse que ela não funciona. E a verdade é que ela durou seis anos”, afirmou o ministro das Infraestruturas.
Pedro Nuno Santos destacou que o atual Governo socialista, chefiado por António Costa, teve “a segunda maior duração de sempre de um Governo em Portugal” e que o país só teve “uma Governação que durou mais de seis anos, que foi aquela que foi liderada por Cavaco Silva”.
“Portanto, se alguma coisa estes seis anos provaram, é que a solução [à esquerda] funciona. E não só funciona pelo tempo que durou, mas funciona pelos resultados que proporcionou ao país”, sustentou, refutando a ideia passada pela direita de que o executivo apoiado pelo Partido Comunista Português e pelo Bloco de Esquerda provocou “muito do despesismo”.
Pedro Nuno Santos justificou a sua posição considerando que, com este Governo, o país “conseguiu um excedente orçamental antes da pandemia, conseguiu reduzir a dívida pública em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] antes da pandemia”, que obrigou, frisou, “o Mundo inteiro a aumentar a despesa pública”.
“Portanto, nós tivemos um Governo que conseguiu recuperar rendimentos, investir no estado social e diminuir a dívida pública”, afirmou Pedro Nuno Santos, classificado ainda como “um resultado extraordinário” um “Governo apoiado pelo Partido Comunista Português e pelo Bloco de Esquerda” ter conseguido “uma taxa de juro inferior à de Itália e à de Espanha”-
Para o ministro, esta foi uma “solução” que “funcionou pelo tempo, que foram seis anos, e funcionou pelos resultados”.
“Eu sei que isto incomoda muito a direita portuguesa. Mas vão ter de se habituar porque ela não foi um parêntesis na história da democracia portuguesa”, afirmou, reiterando que “não foi um parêntesis, isso podem ter a certeza”, ao ser questionado se a solução poderia repetir-se após as eleições legislativas que, a maioria dos partidos políticos, gostariam de ver realiza-se em meados de janeiro.
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