“Eu estava à espera de ouvir o líder do PSD falar sobre o país, falar para os portugueses, mas apenas vi uma intervenção cheia de queixas, de críticas, de ataques, uma linguagem, aliás, muito extremada”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas em Viana do Castelo, onde se reuniu com militantes do Partido Socialista (PS).
Para o antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação, o discurso de Luís Montenegro na abertura do 41.º Congresso do PSD, em Almada, revelou que o líder social-democrata “não aprendeu muito nos últimos oito anos”.
“Fez um ataque a uma solução de governo que é uma memória boa para os portugueses, por oposição a outro Governo, do qual ele foi líder parlamentar e que constitui uma memória má para os portugueses”, acrescentou Pedro Nuno Santos, referindo-se ao executivo liderado por Pedro Passos Coelho.
Na intervenção de abertura do 41.º Congresso, em Almada, o líder social-democrata associou Pedro Nuno Santos – que, se vencer as eleições internas socialistas liderará o partido nas legislativas de março – ao antigo primeiro-ministro Vasco Gonçalves, próximo do PCP, e chefe dos II, III, IV e V Governos Provisórios.
Para Montenegro, a ‘geringonça’ foi “uma versão moderna” do ‘gonçalvismo’, que tem “o seu mais fanático defensor” no antigo governante.
Para o candidato à liderança socialista, o discurso de Montenegro foi “extremado e panfletário, muito pouco próprio de quem quer liderar o país”, uma vez que não apresentou soluções.
Pedro Nuno Santos afastou ainda qualquer relação com o Chega, dizendo que “não é um problema com o Partido Socialista”.
“Não há nenhum cidadão português que ache que há risco do Partido Socialista se entender com o Chega. Essa é uma batata quente do líder do PSD, não é um problema do Partido Socialista”, sublinhou.
Sobre os comentários que o colam à esquerda e a uma posição mais extremada, contra uma postura mais moderada e central do seu adversário interno, José Luís Carneiro, Pedro Nuno Santos apontou que “o debate político que interessa a Portugal não é um debate político sobre radicalismo ou moderação”, mas sim “sobre a resolução dos problemas do país”.
“Esse é o grande desafio que nós temos. Nós continuamos a assistir a diferentes políticos a usar rótulos, etiquetas, a catalogar políticos e adversários. Os portugueses não é isso que esperam de nós, esperam de nós ver se temos a capacidade, o projeto, para os mobilizar e para construirmos um país decente onde nós consigamos viver melhor. Esse é o desafio que temos”, insistiu.
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