Estas críticas foram feitas pelo líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, numa conferência de imprensa, na Assembleia da República, em que também frisou que o seu partido mantém um julgamento "de grande desconfiança" política em relação ao atual Governo.
Partindo da controvérsia em torno do número de vítimas que resultaram do incêndio de junho passado, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, Nuno Magalhães pegou em declarações proferidas por António Costa no sábado passado para avisar que este é um assunto demasiado importante que "não pode ser encerrado por decreto".
"O CDS-PP tem obviamente sentido de Estado, tem respeito pelo segredo de justiça, mas também tem respeito pelas vítimas mortais (e seus familiares). O CDS-PP exige nem mais, nem menos aquilo que os portugueses igualmente exigem: quer saber a verdade, a verdade sem meias verdades, sem meios critérios, sem meios assuntos", declarou.
Para Nuno Magalhães, é um direito "e um dever saber-se o que se passou" na tragédia de Pedrógão Grande e "não basta que o primeiro-ministro diga que o assunto está encerrado quando não está".
"Cabe a um primeiro-ministro com sentido de Estado não fugir dos jornalistas, dizer a verdade aos portugueses e falar ao país. Com sentido de Estado e respeitando o segredo de justiça. Mas, sobretudo com o direito e o dever de um Grupo Parlamentar representado na Assembleia da República, cabe ao CDS-PP exigir ao primeiro-ministro nem menos nem mais do que a verdade: quantos cidadãos perderam infelizmente a vida nos incêndios de Pedrógão Grande, quais os critérios e qual foi a real dimensão da tragédia de Pedrógão Grande", questionou o líder da bancada democrata-cristã.
O líder parlamentar do CDS-PP lamentou depois que Portugal "tenha um primeiro-ministro que foge dos jornalistas, quando mesmo não foge do país, e que diga que não tem nada a ver com o assunto".
Interrogado sobre a extensão do segredo de justiça que terá sido imposta pelo Ministério Público em relação às causas e consequências da tragédia de Pedrógão Grande, Nuno Magalhães recusou-se a entrar "nesse tipo de discussão", frisando que o seu partido sempre fez uma separação rigorosa entre as esferas da justiça e da política.
"Aquilo que é a contabilização do Ministério Público cabe ao Ministério Público - e eu respeito isso", salientou, sustentando, em seguida, que o respeito pelo segredo de justiça deve "naturalmente abranger dados confidenciais em relação às vítimas ou sobre a causa das mortes dessas vítimas".
"Porque temos sentido de Estado não queremos saber qualquer tipo de listas com nome, com moradas ou com o que quer que seja, mas [o segredo de justiça] não abrange o número de vítimas. E, aqui temos de ser claros e exigimos transparência, algo que está a faltar da parte deste Governo", advogou o presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
Nuno Magalhães criticou ainda a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, "de se refugiar em comunicados, porque não pode aparecer", e o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, por "dizer aquilo que não tem de dizer, já que não é chamado para o caso".
"São ministros que estão manifestamente fragilizados, cujo objetivo é manterem-se nos respetivos lugares e não propriamente manterem-se em funções", considerou Nuno Magalhães, antes de tirar uma conclusão política.
"A relação do CDS-PP com o Governo está como estava: uma grande desconfiança", disse Nuno Magalhães.
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