A dificuldade na recuperação das segundas habitações "pode conduzir ao despovoamento do interior", alertou hoje o presidente da Comissão de Agricultura e Mar, o socialista Joaquim Barreto, que falava aos jornalistas no final da reunião que os deputados tiveram com autarcas dos concelhos afetados pelo incêndio de Pedrógão Grande e com o coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, João Paulo Catarino.
Segundo Joaquim Barreto, é preciso atender às pessoas que tinham "os seus investimentos e propriedades" no território e também à "imagem que dá nas aldeias, com algumas casas ainda em ruína".
O presidente da comissão parlamentar chamou também a atenção para a dificuldade na recuperação dos anexos de apoio à agricultura que foram consumidos pelas chamas, a necessidade de aperfeiçoar e alargar o projeto-piloto de cadastro dos prédios rústicos e ainda o facto de se verificarem "situações com a rede de comunicações", que continua a registar problemas e interrupções.
Para além disso, Joaquim Barreto sublinhou que os solos da zona afetada pelo grande incêndio de Pedrógão Grande "ainda não conseguem ter a capacidade para dar a resposta adequada para que as culturas possam vingar".
Durante a reunião, aberta à comunicação social, o deputado do PSD Maurício Marques alertou para a redução dos apoios aos agricultores, entre o valor declarado para candidatura e o valor recebido, questionando "qual a redução" que houve nos apoios.
"A revitalização desta zona não está a ser feita", afirmou.
Patrícia Fonseca, do CDS-PP, frisou que há relatos de que os montantes atribuídos para os recheios das casas afetadas pelo incêndio "são manifestamente insuficientes para as famílias", apontando também para as dificuldades dos pequenos agricultores, que receberam "valores inferiores" ao que seria expectável.
Durante a sua intervenção, a deputada do CDS notou que a Unidade de Missão para a Valorização do Interior "tornou-se quase como uma unidade de emergência do Pinhal Interior".
"E o que acontece ao resto do território?", perguntou.
Já o deputado bloquista Carlos Matias sublinhou que "não está a ser feito tudo para divulgar" a portaria que estabelece as condições para as Entidades Coletivas de Gestão Florestal, cuja criação permite aos associados vários benefícios, nomeadamente fiscais.
O PCP mostrou-se "preocupado" com o cenário, considerando a agricultura familiar uma "forma de reter as povoações no interior", sendo necessário apoiá-la.
O deputado comunista João Dias sublinhou que é necessário também "haver um investimento, em termos de recursos humanos e financeiros para cadastrar as terras", relembrando que, só no projeto-piloto, há cerca de 500 mil parcelas para cadastrar.
A meio do reunião, que terminou por volta das 22:00, o deputado do PSD Cristóvão Nobre propôs que a comunicação social não estivesse presente, uma ideia que não foi acolhida pelos deputados dos restantes partidos.
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