A partir das 12:00, manifestantes identificados com o Movimento Coletes Amarelos Portugal, a que se juntaram outros de diferentes proveniências, incluindo ativistas do movimento dos lesados do papel comercial do BES, começaram a reunir-se junto aos Paços do Concelho de Pedrógão Grande, com alguns deles a ostentarem dísticos alusivos às recentes polémicas sobre a entrega de donativos e a reconstrução de casas destruídas pelo incêndio de 17 de junho de 2017.

“Este é mais um exemplo da corrupção que temos no país”, disse à agência Lusa António Silva.

O manifestante, oriundo do Porto, defendeu que as diferentes situações locais de suposta irregularidade “têm de ser esclarecidas”.

Caso contrário, “qualquer dia estamos vendidos a Espanha”, acrescentou António Silva, que se identificou como um dos lesados do papel comercial do Banco Espírito Santo (BES) .

Num dos cartazes, lia-se: “Valdemar A. e Margarida G. na prisão”, numa referência ao presidente e à vice-presidente da autarquia. “O povo sofre e continua a sofrer”, afirmava-se noutro dístico.

“Manifestamo-nos contra a corrupção e a injustiça social”, declarou, por sua vez, Ana Moreira, dona de um salão de cabeleireiro em Águas Santas, concelho da Maia.

Na sua opinião, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, Valdemar Alves, e outros autarcas “deveriam ser suspensos até as pessoas saberem a verdade”.

José Seco Cruz, membro da Assembleia Municipal, eleito pelo PS, estava sentado com outros amigos nas escadas exteriores do edifício da Câmara.

“Entendi que devia estar aqui até ao último minuto”, disse o reformado, que várias vezes foi insultado por manifestantes, envolvendo-se em altercações e respondendo com recíproca dureza.

Assumiu que estava ali para “defender o presidente da Câmara” e para lembrar aos contestatários que Valdemar Alves, um independente eleito pelo PS, e outros membros do executivo foram escolhidos pela população, nas autárquicas de outubro de 2017.

“É aqui o meu lugar. Somos nós que estamos cá, os pedroguenses, que temos de os julgar”, sublinhou o idoso, em resposta a um jovem que lhe dirigiu palavras em tom agressivo.

João Amaral, reformado da Marinha Portuguesa, manifestou-se “também solidário” com o executivo camarário.

“Não é ninguém de Pedrógão. Pensei que era uma coisa mais aparatosa, mas afinal é um fiasco”, acrescentou, dando a sua opinião sobre o impacto do protesto.