“Pedimos a todas as comunidades cristãs e a quem deseje associar-se que, além de outras iniciativas solidárias, dediquem a oração, o sufrágio e o ofertório do primeiro domingo de julho a esta finalidade”, afirmou o padre Manuel Barbosa, no final de uma assembleia plenária extraordinária da CEP e à margem das jornadas pastorais do episcopado português, que decorrem em Fátima, distrito de Santarém.

Na leitura de uma mensagem da CEP, o sacerdote pediu ainda que a verba recolhida seja enviada para a Cáritas Portuguesa (conta na Caixa Geral de Depósitos IBAN PT50 0035 0001 00200000 730 54) para que seja encaminhada “com brevidade para aqueles que necessitam”.

O porta-voz da CEP adiantou que os bispos portugueses acompanham “com dor, preocupação solidária e oração a dramática situação dos incêndios que provocaram numerosas vítimas e que estão a causar enorme devastação no país”.

“Partilhamos, antes de mais, a dor dos que choram os seus familiares e amigos que perderam a vida, pedindo a Deus que os acolha”, referiu Manuel Barbosa, manifestando, igualmente, o “reconhecimento e apoio aos bombeiros, às organizações de socorro e aos numerosos voluntários, nacionais e estrangeiros, que envidam todos os esforços para salvar vidas, minorar danos e evitar a perda de pessoas e de bens, mesmo à custa de canseiras e riscos pessoais”.

O sacerdote referiu-se, ainda à nota pastoral do episcopado português, de 27 de abril último, intitulada “Cuidar da casa comum – Prevenir e evitar os incêndios”, para acrescentar que os bispos católicos estão “conscientes da necessidade de medidas mais preventivas, concretas e concertadas sobre esta calamidade que todos os anos atinge” o país.

“Neste momento, porém, em cada uma das nossas igrejas diocesanas, sentimo-nos próximos e comprometidos com a situação dramática dos que sofrem. A partir das nossas comunidades cristãs, das Cáritas Diocesanas e da Cáritas Portuguesa, e de outras instituições eclesiais, participamos no esforço de acudir às vítimas, providenciar meios de primeira necessidade e colaborar no ressurgir da esperança, da solidariedade e do alento para reconstruir a vida e o futuro”, acrescentou o porta-voz da CEP.

O incêndio, que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.

Na nota pastoral, os bispos católicos portugueses defendem a mobilização de toda a sociedade para a prevenção e combate aos fogos.

“(…) Para a mudança de mentalidade e hábitos sociais, tão necessária para a prevenção e o combate aos incêndios, há que mobilizar toda a sociedade, nas suas diversas instâncias”, refere a nota pastoral, considerando que a mobilização deve incluir “o Estado com os seus responsáveis mais diretos”, mas também “a Igreja e todas as outras confissões religiosas”, autarquias, escolas, comunicação social e “as mais variadas associações e muitas outras instituições, seja qual for a sua dimensão”.

O documento assinala que Portugal, “de ano para ano, tem sido de tal modo assolado por incêndios que estes se tornaram um autêntico flagelo com proporções quase incontroláveis”, destacando a perda de património florestal, mas também “os notórios custos humanos, sociais, económicos e ecológicos decorrentes desta situação”.

Face a esta situação, os bispos recusam na mesma nota pastoral a ideia de resignação e declaram-se convencidos “de que as causas do flagelo dependem direta ou indiretamente da vontade humana” e, como tal, “só pode prevenir-se ou combater-se com eficácia”, se todos, “desde o cidadão mais simples ao mais responsável, em vez de vãs lamentações”, mudarem de mentalidade e de hábitos sociais.