
Segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo, publicado na rede Telegram, “Rubio saudou os acordos sobre a troca de prisioneiros de guerra e o facto de cada parte [Ucrânia e Rússia] ter apresentado as condições que considera necessárias para chegar a uma trégua e também sublinhou a disponibilidade de Washington para continuar a facilitar a busca por uma solução”.
Por seu lado, Moscovo — que anunciou ter enviado às autoridades ucranianas uma lista de condições para estabelecer um cessar-fogo — confirmou a disponibilidade para “continuar a colaborar com os colegas americanos neste contexto”.
Lavrov realçou “o papel positivo dos Estados Unidos para ajudar Kiev a aceitar finalmente a proposta do Presidente russo, Vladimir Putin, para retomar as conversações em Istambul”, onde, na sexta-feira, e pela primeira vez desde as primeiras semanas da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, representantes russos e ucranianos encontraram-se para tentar alcançar um cessar-fogo temporário.
As negociações, porém, terminaram em menos de duas horas sem nenhum avanço.
Ao pedido de Kiev para negociações diretas entre os chefes de Estado da Rússia e da Ucrânia, respetivamente Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, o Kremlin respondeu que essa possibilidade será considerada somente após alcançar alguns acordos.
Entre as exigências expressas pelo chefe da delegação russa nas negociações na Turquia, Vladimir Medinsky está a retirada das tropas de Kiev das quatro regiões ucranianas anexadas por Moscovo, Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhia, que os russos não controlam totalmente.
Anteriormente a Rússia exigiu o reconhecimento dessas regiões, juntamente com a península da Crimeia.
Já Kiev reafirmou que não reconhecerá a Crimeia ou qualquer outro território ocupado como russo, incluindo a península anexada ilegalmente por Moscovo em 2014.
No terreno, horas depois das primeiras negociações de paz diretas em anos entre Kiev e Moscovo, a guerra prossegue.
O ataque de um drone russo no nordeste da Ucrânia registado hoje causou a morte a nove pessoas, segundo autoridades ucranianas.
O drone atingiu um autocarro que transportava civis retirados de uma área de linha da frente na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, matando nove pessoas e ferindo outras sete, três delas gravemente.
Segundo o governador local, Oleh Hryhorov, e a polícia nacional ucraniana, o ataque ocorreu em Bilopillia, cidade a cerca de dez quilómetros da fronteira com a Rússia, mas a informação não pôde ser verificada de forma independente pelas agências internacionais no terreno e não houve comentários de Moscovo.
Em Bilopillia, foi decretado luto até segunda-feira e o chefe da comunidade, Yurii Zarko, qualificou este dia como “sábado negro”.
Numa publicação na plataforma Telegram, Volodymyr Zelenskyy descreveu o ataque como “assassinato deliberado de civis”, já que “os russos dificilmente não perceberiam que tipo de veículo estavam a atingir”.
“A Rússia só mantém a capacidade de continuar a matar”, frisou, lamentando a oportunidade perdida nas negociações de paz e recordando que “a Ucrânia há muito propõe (…) um cessar-fogo total e incondicional”.
Kiev contou com o chefe da diplomacia britânica, David Lammy, que ficou “consternado” com o ataque. “Se Putin leva a sério a paz, a Rússia deve concordar com um cessar-fogo total e imediato, como fez a Ucrânia”, escreveu, na rede social X.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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