“É diferente acompanhar à distância de acompanhar no terreno”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em Alvares, no concelho de Góis, distrito de Coimbra, um dos municípios atingidos pelos fogos que ocorreram em junho, na região Centro, e que afetaram, sobretudo, Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
O Presidente da República falava aos jornalistas na sede dos bombeiros de Alvares, após ter presidido a uma sessão que assinalou a entrega de uma doação, por acionistas do jornal Observador, destinada a apoiar a reflorestação da freguesia, onde os fogos de junho consumiram mais de 80% da floresta.
“Esta iniciativa, tenho a certeza, vai contribuir” para a reconstrução de Alvares e dos municípios da zona mais afetados pelos incêndios, disse na cerimónia, salientando que a sua apresentação pública ocorre “quando a maior parte do país metropolitano está a banhos”.
Na sua opinião, “só assim é que se muda a mentalidade do país”, com ações que emergem na “sociedade civil”, como a do jornal dirigido por José Manuel Fernandes, que também interveio.
“Há gente de carne e osso que quer viver aqui”, acrescentou, ao frisar que no projeto de reflorestação, que envolve os promotores locais da futura Zona de Intervenção Florestal (ZIF) de Alvares e investigadores do Instituto Superior de Agronomia (ISA) de Lisboa, “há uma recusa de baixar os braços e deixar de viver” no interior, especialmente nas zonas assoladas pelos fogos.
O antigo presidente da Assembleia da República Jaime Gama também esteve presente na cerimónia, na qualidade de presidente do conselho geral do Observador.
“Desta vez, mais do que as outras, não é possível esquecer”, disse depois o Presidente da República aos jornalistas, informando que planeia deslocar-se mais vezes à região nas próximas semanas.
“Tenciono vir periodicamente a esta área, ainda este mês”, acrescentou, explicando que a próxima visita irá realizar-se a um concelho diferente.
Mais tarde, já no concelho de Figueiró dos Vinhos, o chefe de Estado assistiu à cerimónia final do XIV Concurso de Pesca Desportiva ao Achigã, na Foz do Alge.
O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, no dia 17 de junho, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.
Dez feridos continuam internados em hospitais e um numa unidade de cuidados continuados.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e Penela.
(Notícia atualizada às 22h36)
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