Num protesto realizado cerca das 18:30 locais (17:30 de Lisboa), no centro de contagem nacional da Comissão Nacional Eleitoral (IEC, sigla em inglês), em Pretória, o líder do Movimento Africano da Mudança (ATM, na sigla em inglês), Mzewanele Manyi, disse que os partidos vão avançar com um recurso para a Justiça sul-africana ainda esta semana.
"A África do Sul tem atualmente em curso uma comissão de inquérito para tentar erradicar a corrupção deste país e nesse sentido as eleições são um processo sagrado em que não deve haver interferência", afirmou Manyi à imprensa.
Questionado sobre as reivindicações dos partidos em protesto, o líder do ATM apontou, desde logo, "a questão de ter sido permitido o voto múltiplo", acusando desta forma as autoridades eleitorais de permitirem que eleitores votassem por mais de uma vez: "Não sabemos se de facto os números (resultados) refletem na realidade a vontade do povo ou uma vontade manufaturada do povo".
Manyi citou ainda outras alegadas irregularidades, como a falta de material eleitoral em mesas de voto, nomeadamente boletins de voto, "que obrigaram as pessoas a passar horas em fila de espera".
"Há milhares de pessoas que não puderam participar no processo devido a questões logísticas no seio do IEC", salientou.
Nesse sentido, segundo Manyi, o grupo de pequenos partidos quer que a Comissão Eleitoral Independente "pare a contagem dos votos e que se repita as eleições".
Todavia, o líder da Aliança Democrática (DA, sigla em inglês), maior partido na oposição na África do Sul, Mmusi Maimane, em declarações aos jornalistas quase em simultâneo e no mesmo local, apelou ao país para "permitir que o processo de auditoria do IEC às alegações de fraude e irregularidades seja concluído antes de se fazer um pronunciamento sobre a integridade do processo eleitoral".
O protesto dos 15 pequenos partidos ocorre na sequência de alegada fraude eleitoral e irregularidades no processo eleitoral apontadas no início do dia de hoje pelos principais partidos da oposição, casos da DA, do Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês) e do Partido da Liberdade Inkatha (IFP, na sigla em inglês).
O Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), no poder desde 1994, lidera a contagem eleitoral para a Assembleia Nacional com 56,87% dos votos, seguido do Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), com 22,56%, e do EFF Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês), com 9,71%, segundo dados da Comissão Eleitoral Independente quando estão apurados 58,02% dos votos.
Cerca de 28 milhões de eleitores foram chamados às urnas na quarta-feira, pela sexta vez desde o fim do 'apartheid' em 1994, para decidir o futuro político da África do Sul, após uma década de fraco crescimento económico, aumento da corrupção no Estado e tensões raciais.
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