Nascido em Lisboa em 1939, Jorge Salavisa queria fazer teatro, mas foi pela dança que se expressou, quando decidiu ser bailarino aos 18 anos, pioneiro num mundo, à época, de mulheres.
Jorge Salavisa iniciou os estudos de dança com Ana Máscolo e prosseguiu a sua formação artística em Paris, com Victor Gsovsky e Lubov Egorova, ingressando a seguir no Grand Ballet du Marquis de Cuevas, onde permaneceu até à extinção dessa companhia, em junho de 1962.
Bailarino de aclamada reputação internacional, abandonou os palcos em 1975, tendo sido nomeado mestre de bailado e assistente do diretor do New London Ballet.
Em 1977, regressou a Portugal, a convite da Fundação Calouste Gulbenkian, como mestre de bailado do Ballet Gulbenkian, companhia que acabou por ser extinta em 2005, tendo sido também nomeado diretor artístico, cargo que desempenhou até 23 de março de 1996.
Em 1998 assumiu a direção da Companhia Nacional de Bailado (CNB), mantendo-se no cargo até 2001.
Depois destas duas companhias, Jorge Salavisa dirigiu o Teatro Municipal São Luiz, entre 2002 e 2010, tendo abandonado o cargo para assumir a presidência do Organismo de Produção Artística (Opart), entidade gestora do Teatro Nacional de São Carlos e da CNB, entre maio de 2010 e janeiro de 2011. Demitiu-se da presidência do Opart alegando falta de condições para exercer o cargo.
Jorge Salavisa chegou a dançar com um dos mais importantes bailarinos do século XX, o russo Rudolf Nureyev, e trabalhou com outros bailarinos e coreógrafos de renome, como Bronislava Nijinska, Robert Helpmann, Daniel Seillier, Nicholas Beriosoff, Maria Fay, Roland Petit, Nora Kiss, Serge Peretti, Leonide Massine, David Lichine, Harald Lander, Serge Lifar, Mary Skeaping, John Taras, entre outros.
Além disso, foi também professor de dança em Portugal, no Reino Unido e em várias cidades nos Estados Unidos da América (EUA), atuou em filmes e séries de televisão em França, Espanha, Hong-Kong e Japão.
Pelo seu trabalho à frente do Ballet Gulbenkian foi condecorado com o Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique e com a Medalha de Mérito Cultural.
O percurso profissional de Jorge Salavisa, de cinco décadas dedicadas à dança e à direção artística, ficou contado num livro de memórias e num filme.
Com “Jorge Salavisa – Keep Going”, apresentado em 2011, o realizador Marco Martins quis preencher a lacuna de “nunca ninguém” ter visto Jorge Salavisa dançar.
Para o realizador, em entrevista à Lusa em 2011, contar a vida de Jorge Salavisa, era fazer a “história da dança contemporânea da última metade do século XX”.
“Há um património que as pessoas não conhecem. Nunca ninguém viu o Jorge dançar”, realçou na altura.
Marco Martins realçou que o coreógrafo e bailarino “teve sempre um gesto muito vanguardista […] e provocador” nos sítios por que passou, onde “as coisas nunca ficaram iguais”, sendo a “prova mais evidente” desse “vanguardismo” a criação “daquilo que hoje se chama a nova dança portuguesa”, sobretudo quando esteve à frente do Ballet Gulbenkian, “impulsionando a criação de novos coreógrafos e reestruturando a companhia”.
Ao recordar o passado para o documentário de Marco Martins, Jorge Salavisa decidiu escrever um livro de memórias, “Dançar a vida”, editado em 2012.
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