Ganhou fama nas redes sociais, através de vários famosos que o 'publicitaram', e ganhou espaço na espuma do dia desta segunda-feira com a manchete do Público. Falamos do semaglutido, a substância ativa do medicamento, cujo nome não é revelado pelo jornal, aprovado para o tratamento da diabetes, mas que está a ser amplamente utilizado também para perder peso.

O que está em causa?

O jornal Público alerta para o caso de um medicamento, aprovado para o tratamento de doentes com diabetes tipo 2, que está a ser utilizado pela grande maioria das pessoas para a perda de peso, isto depois de ter ganho fama nas redes sociais, como 'fenómeno' na hora de emagrecer.

A procura elevada criou duas situações. A primeira, dificultou o acesso ao mesmo por diabéticos, uma vez que em muitas farmácias do país este fármaco está esgotado. Em segundo lugar, mais que duplicou a despesa do Serviço Nacional de Saúde que comparticipa a 90% este medicamento.

Ou seja, o medicamento que custa 120 euros pode ser comprado, com receita médica, por 12 euros.

"Os dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) são a prova do inusitado sucesso de vendas – só nos primeiros sete meses deste ano o semaglutido já custou 18,2 milhões de euros ao SNS, mais do dobro dos encargos do ano anterior, quando a fatura estatal atingiu 7,5 milhões de euros. Nos relatórios de monitorização do início deste ano, o Infarmed assinalava, aliás, que este era então o medicamento cuja despesa estava a crescer mais", lê-se no Público.

O que faz este medicamento?

Apesar de não revelar o nome do medicamento, o jornal indica que este é produzido pela farmacêutica Novo Nordisk e que contem a substância ativa semaglutido. O fármaco é vendido numa caneta injectável, mediante prescrição médica e apenas se encontra aprovado, em Portugal, para tratar a diabetes tipo 2 “insuficientemente controlada como adjuvante à dieta e exercício, em monoterapia, quando a metformina é considerada inapropriada devido a intolerância ou contra-indicações”.

Segundo o Público, "este fármaco mimetiza a incretina GLP-1, uma hormona produzida no tracto gastrointestinal que aumenta a secreção de insulina". Apesar de não ter sido criado para levar à perda de peso, percebeu-se que este consegue reduzir o apetite e prolongar a sensação de saciedade.

Quais são os efeitos secundários deste fármaco?

O semaglutido, a substância ativa do medicamento, pode provocar enjoos, vómitos, diarreia ou obstipação e é não indicado a grávidas, mulheres que estão a amamentar, doentes com problemas nos rins ou no pâncreas e pessoas com tumores na tiróide.

Estamos perante um caso de possível rutura de stock?

No Porto, à margem de uma visita ao Instituto Português de Oncologia (IPO), Manuel Pizarro foi confrontado pelos jornalistas sobre a polémica em torno do uso deste fármaco, tendo assumido que “há dificuldades no abastecimento desse medicamento", mas deixando a garantia que "do ponto de vista clínico essa não é uma preocupação porque, felizmente, existem no mercado alternativas praticamente iguais".

"Não há nenhum risco de descontinuidade do tratamento eficaz dos doentes. Há medicamentos do mesmo grupo terapêutico com graus de eficácia praticamente similares”, afirmou o ministro.

Fármacos para o tratamento da obesidade podem vir a ser comparticipados pelo Estado?

Na mesma conversa com os jornalistas, Manuel Pizarro foi confrontado com os pedidos de associações de doentes para que os fármacos para tratamento da obesidade sejam comparticipados pelo Estado, tendo respondido: “Não excluo [essa possibilidade] nem assumo”.

“Quando, e se for clinicamente indicado, abordaremos esse tema, mas sempre no contexto de um plano integrado para abordar estas matérias”, acrescentou.

Manuel Pizarro disse que “o tratamento de excesso de peso e obesidade é muito sério” porque Portugal apresenta “quase 50% da população com excesso de peso ou obesidade e 30% das crianças com excesso de peso ou obesidade”, mas frisou que o foco está na prevenção.

“Nas crianças estamos a melhorar. Na população está a ser mais lento. Abordar a questão do excesso de peso e da obesidade é muito mais do que falar de fármacos. Precisamos de um programa integrado para tratar deste assunto e o primeiro alvo é a prevenção. Não estou a excluir a abordagem farmacológica”, referiu.

Quais são os números da obesidade em Portugal?

A obesidade afeta 650 milhões de adultos em todo o mundo (13% da população), matando por dia quatro milhões. Em Portugal, afeta 1,5 milhões, 16,9% da população.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aponta para 28,7% dos portugueses, colocando Portugal como terceiro país europeu com maior prevalência da doença, atrás da Hungria e da Turquia, o que leva a Federação Mundial da Obesidade a prever que, em 2025, deverão existir 2,4 milhões de obesos no país.

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