Num relatório, divulgado na sexta-feira, os especialistas da ONU destacam que os combatentes leais à Al-Qaida assumiram um papel mais ativo no apoio aos talibãs durante a atual ofensiva no Afeganistão, enquanto a posição do grupo extremista Estado Islâmico (EI) sofreu um “claro enfraquecimento”.
Estes “maus atores (…) reforçaram-se mutuamente ao apresentar um crescente e significativo desafio terrorista não apenas para o país mas também para a comunidade internacional”, escreveram os peritos da ONU no documento, citando fontes oficiais não identificadas
Os talibãs têm lutado para derrubar o governo de Cabul desde que o seu próprio regime foi deposto na invasão norte-americana de 2001 e, nos últimos meses, intensificaram os ataques em todo o país.
O movimento extremista do EI, por seu lado, constitui a mais recente ameaça à segurança no Afeganistão.
Os especialistas afirmaram que vários países enfatizaram que as relações entre os talibãs e a rede terrorista Al-Qaida fortaleceram-se durante o período em que Mullah Akhtar Mansour comandou os talibãs e que a melhoria dos laços continuou sob a liderança do seu sucessor, Haibatullah Akhundzada.
Diversos países indicaram aos peritos da ONU que os combatentes da Al-Qaida “atuaram como instrutores especializados para grupos talibãs, em particular no que diz respeito à conceção de artefactos explosivos improvisados”, refere o relatório.
Os especialistas, que monitorizam as sanções contra os talibãs, afirmaram no relatório endereçado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que o EI perdeu terreno e combatentes, advertindo, porém, que o grupo “continua a ser um grave desafio”.
O número de combatentes caiu como resultado da ação militar afegã e dos ataques aéreos internacionais.
“A capacidade do grupo para tomar e controlar território foi também afetada pelos confrontos com os combatentes talibãs com quem disputavam influência local e particularmente recursos, financiamento e homens”, apontaram os peritos da ONU.
Os especialistas indicam ainda que vários países reportaram que o número de combatentes do Estado Islâmico no leste afegão caiu de pouco mais de 3.500 para cerca de 1.600, dos quais 700 são estrangeiros.
Apesar disso, o EI manteve “uma ativa campanha de propaganda no Afeganistão”, referem no documento.
No que diz respeito aos combatentes estrangeiros, o relatório aponta que a maior parte — aproximadamente 7.500 a 7.600 — fugiu para o Paquistão como resultado as operações militares e estava a combater ao lado dos talibãs afegãos.
Um segundo grupo alegadamente integra combatentes da China, Rússia e Ásia Central de grupos islâmicos, enquanto um terceiro abarca combatentes do Estado Islâmico, e um quarto da Al-Qaida ou de filiais suas, de acordo com o relatório.
As autoridades afegãs e outras disseram aos especialistas que a grande parte dos rendimentos dos talibãs vem do tráfico de droga, seguindo-se a exploração mineira, raptos para exigir resgates e donativos externos.
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