Foi pelo ministro da Saúde que se soube que as reuniões do Infarmed estariam de volta neste 11 de novembro — mas provavelmente não para ficar. Afinal, “não há nenhum indicador” do ponto de vista epidemiológico ou do ponto de vista da gravidade da doença que justifique efetuar estes encontros recorrentemente.

Assim, qual o objetivo? O mesmo que tem vindo a ser hábito: fazer um ponto de situação da covid-19.

Frisando que a realidade mostra que a decisão de interromper o estado de alerta (no dia 1 de outubro) foi acertada, Manuel Pizarro lembrou que tal “não significava” o fim da pandemia. Por isso, é preciso ouvir os peritos que trazem "informação sobre a situação internacional e a situação nacional da pandemia e sobre os dados de monitorização que temos até agora".

Segundo o ministro, esses dados baseiam-se “não tanto no número de pessoas com infeção, porque esse diagnóstico já não é feito de forma generalizada como era, mas sobretudo das pessoas que precisam de recorrer ao internamento ou têm um desfecho menos positivo”.

O que dizem os números até agora?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a covid-19 matou 9.400 pessoas no mundo na semana passada, menos 65.600 face aos óbitos semanais de fevereiro.

"Percorremos um longo caminho e estes dados são definitivamente fonte de otimismo, mas quase 10 mil mortes semanais é demasiado para uma doença que pode ser prevenida e tratada", assinalou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reiterando o pedido "a todos os governos, comunidades e pessoas para que permaneçam vigilantes".

Os dados da OMS da última semana apontam para dois milhões de casos no mundo, um número que, segundo os especialistas, pode estar subestimado, uma vez que os testes de diagnóstico passaram a ser feitos com menos frequência, pelo que muitas pessoas infetadas não estão a ser detetadas.

Por cá, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informou que Portugal registou, entre 25 e 31 de outubro, 5.920 infeções pelo coronavírus SARS-CoV-2 e 53 mortes associadas à covid-19.

Segundo o boletim epidemiológico semanal da DGS, em relação à semana anterior, registaram-se menos 1.736 casos de infeção, verificando-se ainda mais seis mortes na comparação entre os dois períodos.

Quanto à ocupação hospitalar, o boletim indica que, na última segunda-feira, estavam internadas 525 pessoas, mais 47 do que no mesmo dia da semana anterior, com 34 doentes em unidades de cuidados intensivos, menos um.

Vamos regressar ao estado de alerta?

O ministro da Saúde afastou na quinta-feira a hipótese, “pelo menos no curto prazo”, de regressar ao estado de alerta e impor medidas de saúde pública para combater a covid-19.

“Para efeitos de tranquilidade da opinião pública, não há nenhuma intenção, nem nenhuma necessidade de regressar, pelo menos a curto prazo, a quaisquer medidas que envolvam o estado de alerta ou imposições em matéria de saúde pública, Isso está completamente afastado”, disse.

Contudo, as autoridades de saúde vão continuar a “monitorizar atentamente” a evolução da pandemia e de todas as outras doenças respiratórias habituais no inverno. Por isso, depois de ouvidos os especialistas, vai também ser anunciado o plano de intervenção para o inverno.

Na próxima semana, acrescentou Manuel Pizarro, serão anunciadas medidas adicionais do ponto de vista do funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, “em resposta àquilo que é uma dificuldade sazonal habitual com o aumento das infeções respiratórias”.

(Notícia atualizada às 8h22)