Após mais de sete horas de debate, o Congresso (parlamento monocameral) dominado pela oposição de direita deu hoje de manhã a sua confiança ao novo Governo, dirigido pelo advogado Aníbal Torres, por uma curta margem: 64 votos a favor, 58 contra e duas abstenções.

A direita controla o Congresso, onde o partido “Peru Livre” do Presidente, uma pequena formação marxista-leninista, é a principal minoria, com 37 dos 130 mandatos parlamentares.

O novo executivo de 19 membros é o quarto desde a chegada ao poder de Pedro Castillo, a 28 de julho de 2021. Os seus primeiros seis meses de mandato ficaram marcados por lutas internas nos anteriores Governos e ataques da direita radical, que tentou iniciar um procedimento de destituição presidencial.

Aníbal Torres, de 79 anos, que ocupava o cargo de ministro da Justiça, foi nomeado há um mês para chefiar o Governo pelo Presidente, para substituir Héctor Valer Pinto, nomeado uma semana antes, mas que se encontrou no meio de uma polémica após a revelação pela imprensa de uma queixa de violência doméstica apresentada em 2016 contra ele pela mulher e pela filha.

Héctor Valer Pinto tinha sido nomeado após a demissão inesperada da primeira-ministra Mirtha Vásquez, devido a desacordos sobre as promoções nas forças policiais.

“Devemos construir um consenso, apelando para o diálogo. Devemos enfrentar os males todos juntos — somos todos peruanos”, declarou Torres perante os deputados.

No Governo, o ministro da Saúde, Hernán Condori, é alvo de críticas da oposição e dos meios médicos devido à devastação causada pela pandemia de covid-19 no país.

Com 640 óbitos por 100.000 habitantes, o Peru é o país com mais mortes em termos proporcionais ao número da sua população. Em dois anos, a doença matou mais de 211.000 pessoas no país, com 3,52 milhões de casos diagnosticados.

A oposição está a preparar uma eventual moção de censura exigindo a destituição do Presidente por “incapacidade moral permanente”, após o fracasso em dezembro de uma tentativa semelhante.